Três bancos gregos recorreram a empréstimos de emergência do banco central
Assistência de liquidez de emergência de mais de 2 mil milhões de euros foi accionada pelos bancos gregos em resposta à redução do volume de depósitos, diz a Reuters.
A notícia é avançada pela Reuters que obteve a informação junto de “duas fontes conhecedores da situação”.
A assistência de liquidez de emergência é uma forma extraordinária de as instituições financeiras da zona euro obterem o financiamento de que precisam. Ao contrário do que acontece com as linhas de financiamento habituais providenciadas pelo BCE, nestes empréstimos o banco não precisa de apresentar uma garantia. O empréstimo é concedido directamente pelo banco central nacional, tendo, no entanto, de contar com autorização (que é renovada a cada 15 dias pelo conselho de governadores do BCE).
Exemplos recentes da utilização da ELA ocorreram em Chipre, quando os bancos cipriotas deixaram em 2013 de ter capacidade para recorrer às linhas de financiamento normais do BCE, e em Portugal, quando o BES, dias antes do anúncio da sua resolução, teve de recorrer a um empréstimo de emergência do Banco de Portugal para evitar falhar os seus compromissos mais imediatos.
De acordo com a Reuters, no caso da Grécia tudo começou em Janeiro, antes das eleições, com um pedido dos bancos Alpha e Eurobank ao banco central grego para recorrerem a um empréstimo de emergência que os protegesse da potencial fuga de depósitos que se poderia vir a registar no país.
O Banco da Grécia terá depois obtido autorização do BCE para abrir a linha de emergência para os quatro maiores bancos gregos – o Nacional, o Piraeus, o Alpha e o Eurobank – no passado dia 21 de Janeiro.
Até ao momento, escreve a Reuters, três bancos (que não são identificados) recorreram a esta linha de crédito, no montante de 2,27 mil milhões de euros, respondendo desta forma às necessidades de financiamento criadas pela redução do nível dos depósitos na Grécia que se tem registado nas últimas semanas.
Esta linha de crédito de emergência já tinha sido utilizada em 2012 pelos bancos gregos em larga escala, numa altura em que também se verificou uma forte pressão de saída dos depósitos.
O conselho de governadores do BCE terá agora de decidir se renova a autorização dada ao Banco da Grécia para manter esta linha de emergência aos seus bancos. A primeira vez que o fará será já nesta quarta-feira, precisamente o dia para que ficou agendada uma visita do ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, à sede do BCE, em Frankfurt. Não se sabe ainda com quem se irá reunir o ministro e se será antes ou depois da reunião do conselho de governadores, que ocorrerá à tarde.
Vários responsáveis em Frankfurt têm vindo a deixar avisos à Grécia de que, caso o país deixe de estar sujeito a um programa da troika a partir do próximo dia 28 de Fevereiro, deixará de aceitar como garantia os títulos de dívida pública gregos, o que pode diminuir a capacidade dos bancos gregos para recorrerem às linhas de financiamento normais do BCE.
Se tal acontecesse, o financiamento que ficaria disponível para o sistema financeiro grego seria através da assistência de liquidez de emergência. Nessas circunstâncias, se o BCE optasse por fechar também essa torneira, a sobrevivência dos bancos gregos seria extremamente difícil de assegurar.