Aluguer de automotoras à Renfe custa cinco milhões de euros por ano à CP
Presidente da empresa divulgou esse valor esta quarta-feira no Parlamento depois de ter recusado fazê-lo ao PÚBLICO, alegando razões de confidencialidade com a congénere Renfe
O gestor disse que este aluguer já se fazia há muito tempo (na realidade teve início em 2010) e que visava suprir as necessidades de material diesel da CP por a frota existente ter custos de operação muito elevados.
Desde Março de 2014 que o PÚBLICO tem tentado saber junto da CP o montante deste aluguer, tendo a empresa recusado a sua divulgação alegando uma cláusula de confidencialidade com os espanhóis. A administração rejeitou uma deliberação da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos que considera ser essa informação de acesso público por se tratar de uma empresa pública. E também recorreu de uma decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa que condenou a CP a divulgar ao PÚBLICO esses valores.
Esta quarta-feira, perante os deputados da Assembleia República, Manuel Queiró acabou por divulgar que o contrato com a Renfe custa 5 milhões de euros por ano.
As automotoras 592 - também conhecidas em Espanha por camellos por os equipamentos de ar condicionado no tejadilho se parecerem a bossas – já tinham sido retiradas de serviço no país vizinho, mas circulam agora nas linhas do Douro e do Minho, devendo assegurar também o serviço na linha do Oeste a partir de Maio.
A CP possui uma frota de automotoras e comboios a diesel que não utiliza porque considera ter custos de exploração muito elevados. Por isso, pôs à venda 26 locomotivas, 30 carruagens e 15 automotoras num total de 101 veículos, com as quais – se arranjar comprador – espera encaixar 7,7 milhões de euros.
Uma venda que não se avizinha fácil porque, devido à diferença de bitola (distância entre carris), este material só pode circular nas vias férreas de Portugal, Espanha, Argentina, Chile, Índia e Paquistão.