A Oi absorveu a PT e agora poderá ser absorvida pela TIM
Na próxima semana a administração da Telecom Italia (que controla a TIM) deverá reunir-se com as autoridades brasileiras.
Tendo em conta a débil situação financeira da empresa, a emissão de nova dívida ou de acções está fora de questão. Um eventual acordo de consolidação será financiado com os recursos gerados pela venda da PT Portgal, pela qual a Altice vai pagar no imediato 5600 milhões de euros, garantiu o gestor.
Os brasileiros têm à venda outro activo que era do grupo PT: a maioria do capital da Africatel, holding onde se destaca os 25% da operadora angolana Unitel. Isabel dos Santos, que tentou uma OPA sobre a PT SGPS, é dona de outros 25%, e ficaria, caso fechasse negócio com a Oi, a accionista dominante. Com isso, garantia ainda uma maior presença (e respectivos dividendos) no Banco de Fomento Angola, com a Unitel detém 49% (cabendo ao BPI, do qual Isabel dos Santos é a segunda maior accionista, os outros 51%). E a Oi, mais liquidez num momento particularmente sensível.
Apesar de continuarem os rumores de que a operadora tenciona apresentar uma oferta pela TIM Itália (da qual beneficiariam também as rivais Vivo e Claro, com as quais a Oi teria de repartir activos da TIM), alguns analistas brasileiros questionam-se sobre a probabilidade disso acontecer, quando a empresa de que é accionista a PT SGPS tem às costas uma dívida que era de 16 mil milhões de euros no final do terceiro trimestre de 2014. Além de ter assumido a dívida da PT, de mais de seis mil milhões.
"A empresa não tem caixa, e não consegue comprar ninguém com esse grau de alavancagem", disse à Reuters Célson Plácido, da XP Investimentos. Mesmo com a venda da PT Portugal, "faria mais sentido ser comprada”, disse o especialista.
Na semana passada, à saída da AG da PT SGPS em que se aprovou a venda da PT Portugal, Gontijo saudou a decisão como a melhor para a Oi, pois permitirá à empresa reduzir o endividamento. Sobre eventuais operações de consolidação, nem uma palavra.
A imprensa brasileira tem avançado que uma oferta da Oi pela TIM andaria em torno dos dez mil milhões de euros, por isso, mesmo que a opção fosse repartir os activos e os custos com a Vivo e a Claro, a capacidade financeira da Oi para concretizar a operação é cada vez mais posta em causa. Há quem acredite, no entanto, que a Oi poderá avançar com uma oferta pela TIM nas próximas semanas, apenas para fazer com que os italianos apresentem uma contraproposta de fusão.
Na próxima semana, a administração da Telecom Italia (que controla a TIM) deverá reunir-se com as autoridades brasileiras, antes de decidir se avança ou não com uma oferta pela compra da Oi, noticia a Reuters. O presidente executivo da operadora italiana, Marcos Patuano, quer garantir junto do novo ministro brasileiro das Comunicações, Ricardo Barzoini, que o Governo não irá opor-se a uma investida sobre a Oi, que tem entre os seus accionistas o banco público BNDES e vários fundos de pensões de empresas públicas. Tal como Gontijo, Rodrigo Abreu, presidente executivo da TIM, tem afirmado que a empresa quer ser protagonista no processo de consolidação brasileiro, que já está em marcha.
Uma das etapas foi oficializada esta segunda-feira: o regulador do mercado de telecomunicações do Brasil aprovou a aquisição da GVT à Vivendi pela Telefónica Brasil. Com esta operação de 7200 milhões de euros, que tinha sido anunciada em Setembro, a Vivo ganhou a batalha à TIM. Os italianos perderam a oportunidade de entrar no negócio da televisão paga e os espanhóis, donos da Vivo (líder no móvel) reforçaram-se como operadores convergentes.