Alerta espanhol para rapto de polícias por terroristas chega a agentes da PSP

Sindicato começou a difundir recomendações de precaução e alertas já passam de boca em boca entre agentes. Segurança da Unidade Especial de Polícia foi reforçada para proteger principal efectivo de resposta a ataques terroristas.

Foto
NELSON GARRIDO

“Fomos informados desta situação pelos nossos colegas dos sindicatos de polícia em Espanha. Mais vale prevenir do que remediar e Espanha é mesmo aqui ao lado. Por isso, preferimos emitir recomendações”, disse o presidente do Sinapol, Armando Ferreira.

O dirigente justificou ainda o aviso remetendo para as declarações recentes do novo director do Serviço de Informações de Segurança (SIS), que alertou que Portugal não está imune à ameaça jihadista. Contudo, a ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, garantiu na quarta-feira que “não houve nenhuma alteração do estado de alerta em Portugal ou nenhuma situação de urgência”.

De acordo com o presidente do Sinapol, do alerta do sindicato constam três recomendações aos agentes: “Mesmo não estando de serviço, passem a andar sempre com a arma”; “Todos os elementos, mesmo os impedidos [de usar arma neste momento] e os que trabalham em funções administrativas, devem passar a estar acompanhados sempre pela arma de serviço”; e “Quando não estão de serviço, os agentes não se devem identificar como polícias”.

As recomendações são semelhantes às emitidas por sindicatos de polícia em Espanha e que circulam entre agentes da Polícia Nacional e da Guardia Civil. Os alertas no país vizinho remetem ainda para o risco de uma organização terrorista pretender gravar em vídeo a execução de agentes da polícia, noticiaram vários jornais espanhóis. “As advertências dos polícias fazem referência ao perigo real de sequestros”, noticiou na terça-feira o diário El Confidencial.

Os avisos em Espanha, país onde o Governo mantém o nível 3 de alerta antiterrorista, segundo o mesmo jornal, começaram a circular há uma semana e meia, depois do atentado ao jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris.

Em Portugal, a segurança das instalações da Unidade Especial de Polícia (UEP), de que fazem parte as subunidades de elite da PSP, nomeadamente o Corpo de Intervenção, já foi reforçada. Desde sexta-feira da semana passada que os seus quartéis em Lisboa, Porto e Faro passaram a ter o dobro dos agentes a garantir a segurança de noite e dia. Estes passaram também a usar nessas funções, obrigatoriamente, coletes à prova de bala e metralhadora. Contactados pelo PÚBLICO, agentes da UEP mostraram confiança de que este nível de segurança na unidade é suficiente para qualquer eventualidade.

Fontes da UEP garantiram ainda que todos os veículos que entram nestes quartéis são agora alvo de inspecção por cães-polícias para serem detectados eventuais explosivos.

Ainda de acordo com essas fontes, a ordem para este reforço de segurança terá partido da Direcção Nacional da PSP na sequência do ataque terrorista em Paris e da grande operação policial que desmantelou uma célula jihadista na Bélgica. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar ao início da noite desta quinta-feira a Direcção Nacional da PSP.

Na origem deste reforço está a necessidade de proteger a principal unidade policial de resposta urbana a ataques terroristas, assim como os seus meios e armamento.

Também junto das embaixadas em Lisboa a segurança foi reforçada, tendo a PSP aumentado os efectivos, nomeadamente junto da embaixada de Israel e de França e da sinagoga da capital. Nestes locais há também a proibição de filmar e de fotografar.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários