Qual poderá ser o terceiro partido?
As atenções viram-se para O Rio (To Potami), por ser a mais provável hipótese para uma aliança com o Syriza, caso este não tenha a maioria absoluta, o cenário mais evocado nas últimas sondagens.
Mas o antigo jornalista de televisão Stavros Theodorakis quis marcar a sua posição de que não apoiará qualquer Governo que ponha em causa o futuro da Grécia na Europa e, enquanto declarou que algumas ideias de membros do Syriza são próximas das do seu partido, classificou o programa eleitoral do partido que se espera que vença as eleições como “um livro de orações”.
Já antes o líder do Potami manifestava “pouca confiança na equipa eleitoral do Syriza”, temendo que este levasse longe de mais a sua exigência de perdão da dívida. “Somos contra acções unilaterais”, resumiu.
O partido surgiu há um ano e tem capitalizado o descontentamento dos gregos. Numa conferência de imprensa recente, Theodorakis apresentou-se como o garante de que, caso forme uma aliança com o Syriza, este não entrará em acções que possam levar a uma saída do euro, quando os líderes europeus insistem que a Grécia tem de respeitar os seus compromissos.
O Pasok estabeleceu condições semelhantes para uma coligação com o Syriza, mas aqui é o partido de Alexis Tsipras que diz não querer uma aliança com partidos que tenham negociado os memorandos com a troika.
Um pouco afastado dos radares da campanha mas com fortes possibilidades de ser o terceiro mais votado está o partido de extrema-direita Aurora Dourada. O líder dos neonazis está preso, mas isso não quer dizer que os seus seguidores tenham diminuído. Está abaixo do Potami em muitas sondagens, mas tende a ser sub-representado nos inquéritos de opinião (nas eleições europeias do ano passado, teve 9,5% dos votos).
O partido protagonizou um dos momentos mais surreais da campanha, descreve o correspondente do jornal Irish Times. Em Salónica, um grupo de militantes ouviu, de pé, olhando para um palco vazio, um discurso do líder Nikos Michaloliakos, que lhes falou ao vivo, a partir da prisão, por telefone. Foram 20 minutos de uma voz intermediada por telefone e altifalantes, e, no final, os militantes ainda estavam de pé e atentos.
Os membros da Aurora Dourada acreditam que há um complot contra eles, e a seguir às prisões da liderança, em 2013, houve um aumento de violentos ataques contra imigrantes a que estão ligados elementos do partido.
Com intenções de voto semelhantes aparece o Partido Comunista (KKE), que, apesar de partilhar algumas ideias com o Syriza, sempre recusou alianças e mantém-se sozinho. Há uma certa rivalidade entre os dois e, nesta campanha, o KKE marcou o comício de encerramento precisamente para o mesmo dia que o do Syriza.