Dificuldades nas importações na Argentina deixaram o país sem tampões
Barreiras aos produtos internacionais são um problema que se tem agravado desde 2011. Em pleno Verão no país, atingiu agora um produto mais mediático.
Conseguir uma caixa deste produto de higiene tornou-se praticamente impossível, com os importadores e o Governo a trocarem acusações e o tema a servir de alerta para os problemas que o país liderado pela presidente Cristina Kirchner tem na hora de encomendar produtos do exterior.
O tema foi levantado num artigo do The Wall Street Journal que descreve as barreiras alfandegárias impostas pelas autoridades argentinas como incentivo ao consumo de produtos nacionais – o que dificulta que as empresas importadoras de produtos de higiene consigam trazer os tampões da polémica para a Argentina. O tema motivou inclusive que Kirchner fosse directamente interpelada sobre o assunto, descreve o jornal argentino La Nación.
A falta de tampões é sentida nos supermercados e farmácias de todo o país, mas sobretudo na costa da província de Buenos Aires. Há mesmo várias lojas que optaram por colocar à porta cartazes com o alerta, adianta o diário espanhol El País. Também o El Mundo descreve prateleiras repletas de pensos higiénicos e com espaços vazios no lugar dos tampões, atribuindo a ruptura de stock às restrições às importações impostas pelo Governo ironicamente liderado por uma mulher, salienta o jornal.
O gerente da Câmara de Importadores da Argentina, Miguel Ponce, citado pelo El País, atribui a escassez “nos últimos 15 dias de Dezembro e nos primeiros cinco dias de Janeiro”, ao facto de “não se terem libertado divisas do Banco Central” para que se possam efectuar compras no estrangeiro. O problema acontece desde 2011 com as mercadorias importadas, mas agora atingiu um produto mais caricato e em pleno Verão, com o país com as praias cheias.
Do lado do Ministério da Economia já saiu uma promessa de que a partir desta segunda-feira o problema conheceria uma solução parcial, com as primeiras remessas a chegarem do Brasil. A tutela de Axel Kicillof garantiu também que algumas empresas, como as norte-americanas Johnson & Johnson e Kimberly Clark, teriam sido autorizadas a trazer o produto mas a Argentina, mas que se estariam a aproveitar da situação mediática criada.
Desde 2011 que tem sido cada vez mais comum o controlo da entrada de produtos estrangeiros na Argentina, com o argumento da falta de divisas no país. O problema gerou rupturas em bens essenciais, como medicamentos. Aliás, foi precisamente há um ano que o Governo anunciou o fim de dois anos de proibição de compra de divisas estrangeiras na Argentina, num momento em que o peso argentino acumulava uma grande desvalorização face ao dólar. A ideia era controlar a cotação da moeda, mantendo-a artificialmente alta, com a necessidade de preservar as reservas em divisas internacionais, que não paravam de recuar.