Gabriel Medina deu o primeiro título mundial de surf ao Brasil

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Gabriel Medina fez história KENT NISHIMURA/AFP

O britânico Martin Potter era a excepção no historial, com o título conquistado em 1989, mas, depois da 11.ª e última etapa do circuito de 2014, há pela primeira vez um luso-falante campeão do mundo de surf.

O feito foi concretizado por Gabriel Medina, que completa 21 anos na próxima segunda-feira, no culminar da sua quarta temporada entre a elite e depois de ter liderado o ranking durante praticamente todo o ano, com vitórias em Gold Coast, Fiji e Taiti.

Antes, o surfista natural de Maresias, em São Paulo, só tinha vencido duas vezes, a histórica conquista no Quiksilver Pro France, em Hossegor, aos 17 anos, e no Rip Curl Pro Search, em San Francisco, nos Estados Unidos, ambas em 2011.

Em França, “Super-Medina” superou na final o australiano Julian Wilson e nos Estados Unidos venceu o australiano Joel Parkinson, que viria a sagrar-se campeão do mundo, relegando Kelly Slater, 11 vezes vencedor do circuito, para o segundo lugar.

A concretização do sonho de criança, tantas vezes verbalizado por Medina, corresponde a mais um ano de pesadelo do histórico surfista norte-americano, que falha o título pelo terceiro ano consecutivo.

O brasileiro começou por destacar-se com o seu surf progressivo, com manobras aéreas, mas diversificou o seu repertório, adaptou-se a todas as ondas e tornou-se competitivo com os veteranos e com os mais jovens, incluindo um dos seus futuros rivais, John John Florence.

O título de 2014 até podia ter sido conquistado em Peniche, na 10.ª e penúltima etapa, mas uma eliminação frente ao norte-americano Brett Simpson, na terceira eliminatória, deitou por terra essa possibilidade.

A conquista do cetro mundial foi confirmada em Pipeline, no Havai, onde Fanning, o seu principal rival, defendia o título de 2013, quando, com a sétima vitória, reforçou o estatuto de recordista de vitórias no emblemático campeonato.

Num país onde o futebol é rei, o surf está a ganhar espaço, muito por causa dos estimados 2,4 milhões de adeptos da modalidade.

“O surf já está a crescer e toda a gente está à espera. Não apenas eu, mas todo o país”, afirmou Charles Serrano, o padrasto e treinador de Gabriel Medina.

A atestar este crescimento está a inclusão de sete surfistas brasileiros entre os 36 participantes em etapas do circuito mundial, nos quais Medina enfrenta os compatriotas Adriano de Souza, Miguel Pupo, Filipe Toledo, Jadson André, Alejo Muniz e Raoni Monteiro, mas também pelas dezenas de competidores no circuito de qualificação, com destaque para Wiggolly Dantas e Italo Ferreira.