Sony procura meio alternativo para lançar filme que originou ataque de hackers

The Interview deveria chegar à salas de cinema no dia de Natal, mas exibição foi cancelada após ameaças de terrorismo.

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The Interview não chegará aos cinemas AFP

A Sony diz que, depois de ter cancelado a exibição nas salas de cinema, começou “imediatamente à procura de vias alternativas para difundir o filme em plataformas diferentes”, diz o comunicado.

“Esperamos que todos os que desejam ver o filme tenham oportunidade de o fazer”, acrescenta o mesmo comunicado.



Quando preparava o lançamento de The Interview, uma comédia sobre uma tentativa de assassinato do líder norte-coreano Kim Jong-un, a Sony foi alvo de ataque de hackers do grupo Guardians of Peace (GOP), que ameaçou ainda semear o terror nas salas de cinema que exibissem o filme. Nesta sexta-feira, o FBI e o Presidente dos EUA atribuíram o ataque informático à Coreia do Norte.

O Presidente dos EUA, Barack Obama, disse ainda que o estúdio cometeu “um erro” ao suspender a sátira no centro das ameaças dos hackers. E prometeu: “Responderemos proporcionalmente e num local e num momento que escolheremos.”

Numa conferência de imprensa que começou com um balanço do Presidente sobre o ano de 2014 para os EUA, a primeira pergunta para Obama foi sobre o ataque de hackers à Sony Pictures – um acto sem precedentes contra uma empresa nos EUA e que levou ao cancelamento do filme cuja estreia estava prevista para o dia de Natal nos EUA (e para 29 de Janeiro em Portugal). O ataque revelou conteúdos de dezenas de milhares de emails, libertou informações estratégicas da empresa, filmes e guiões para a Internet, bem como dados pessoais de milhares de funcionários — tudo com o objectivo de impedir que The Interview fosse lançado.

E Obama foi taxativo ao responder a uma pergunta sobre se a decisão do estúdio de retirar o filme foi correcta: “A Sony é uma empresa, sofreu danos significativos”, admitiu o Presidente norte-americano, que manifestou a sua solidariedade com o estúdio. “[Mas] sim, acho que cometeram um erro.” “Gostava que tivessem falado comigo primeiro. Ter-lhes-ia dito para não entrarem num padrão no qual são intimidados [num ataque deste tipo].”

Numa entrevista à CNN na sexta-feira à noite, em que argumentou que “o Presidente, a imprensa e o público estão enganados sobre o que realmente aconteceu”, o director-executivo da empresa justificou o cancelamento da exibição do filme: “Não somos donos dos cinemas. Não podemos escolher se o filme é ou não exibido nas salas de cinema”.

Michael Lynton disse ainda que não houve um único distribuidor de video on demand ou de comércio electrónico que tenha demonstrado interesse em distribuir o filme. Isto aconteceu depois de várias personalidades, como o actor George Clooney (em entrevista ao site Deadline) terem sugerido o lançamento online do filme, como forma de contornar o problema e mostrar que a Sony não se deixa condicionar pelas ameaças norte-coreanas.

O Netflix, um dos maiores sites de streaming online, recusou confirmar se está interessado. “Não discutimos publicamente os conceitos ou ideias que nos são apresentados”, diz um comunicado da empresa, citado pela Reuters.

Depois de a Sony ter cancelada a exibição do filme nos cinemas, recebeu mais uma mensagem dos hackers. "Agora queremos que nunca lancem, distribuam ou deixem fugir o filme sob qualquer forma, por exemplo, em DVD ou pirataria”, dizem os Guardians of Peace (GOP), o grupo que está por trás do gigantesco ataque ao estúdio, uma das majors da indústria de Hollywood.

No mesmo e-mail, o GOP detalha exigências: “Queremos que tudo relacionado com o filme, incluindo os seus trailers, bem como a sua versão integral, fora de qualquer site que os tenha publicado imediatamente”. E avisa: “Ainda temos os vossos dados privados e sensíveis” e “garantiremos a segurança dos vossos dados a não ser que causem mais problemas”.

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