Rússia avança com venda de moeda estrangeira para tentar salvar o rublo

Crise cambial levou bolsas europeias ao vermelho e afecta investimento em todo o mundo. Apple suspende vendas online na Rússia.

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Moeda russa em queda AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEV

Nesta quarta-feira, Svetlana Nikitina, porta-voz do ministério, afirmou que o rublo está “extremamente desvalorizado” e, por isso, o Governo começou a vender divisas no mercado. Não foi adiantado o volume ou o tipo de activos que estão a ser vendidos.

No início da semana, o rublo desvalorizou fortemente e, hoje, antes da abertura do mercado, voltou a perder terreno em comparação com o dólar norte-americano e o euro.

Com a crise cambial, as bolsas europeias inauguraram o dia no vermelho, com Londres, Paris, Milão e Frankfurt a cair cerca de 1%. A Bolsa de Lisboa seguiu a tendência e o PSI20, o principal índice, abriu a descer 0,73% para os 4.706,34 pontos. As consequências da desvalorização da moeda já estão a afectar os investimentos em todo o mundo. De acordo com a Blooomberg, a Pacific Investment Management, por exemplo, enfrenta avultadas perdas nas obrigações russas que detém. A Apple também cancelou as vendas online dos seus produtos naquele país. “A nossa loja online está neste momento indisponível enquanto revemos preços. Pedimos desculpa aos clientes por qualquer inconveniente”, lamentou Alan Hely, porta-voz, da empresa norte-americana.

O Banco Central da Rússia desembolsou 2000 milhões de dólares, segunda-feira, para tentar estabilizar a moeda. No dia seguinte, aumentou a taxa de juro de referência de 10,5% para 17%, considerando a situação “crítica”. Ontem, bancos e casas de câmbio começaram a ser procurados por clientes que queria transformar poupanças em moeda local por estrangeira, com medo que a depreciação do rublo se mantenha e acabe por conduzir ao mesmo cenário de 1998, em que a moeda colapsou e o país entrou em incumprimento.

No acumulado do ano, o rublo desvalorizou 50%, fruto de um contexto político e económico atribulado. As sanções económicas e financeiras do Ocidente em resposta à ocupação da Crimeia e ao conflito na Ucrânia explicam a queda da moeda, tal como a derrapagem dos preços do petróleo, matéria-prima que vale 40% das receitas do Estado russo.

 

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