Passos Coelho diz que responsabilidades de anteriores governos “não vão ficar solteiras”

Líder do PSD foi ao encerramento do congresso da JSD defender caminho feito pelo Governo nos últimos três anos e prometer um programa para as próximas eleições que não será de “Maria vai com as outras”.

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Pedro Passos Coelho defendeu que as responsabilidades políticas dos que ocuparam o Governo antes de si “não vão ficar solteiras”, ao encerrar o Congresso da JSD, este domingo em Braga, onde foi eleito presidente da JSD, Simão Ribeiro.

"Quando eu tinha pouco mais de 30 anos a perspectiva daqueles que eram jovens não era uma perspectiva de endividamento público, nem da economia, nem de desequilíbrio nas pensões. Volvidos estes anos, volvidos anos precisos de responsabilidades que não vão ficar solteiras, com certeza, porque nós sabemos durante esse tempo quem governou", sublinhou o primeiro-ministro que discursava na qualidade de presidente do PSD, apontando o ano de 1995, primeiro ano dos Governos socialistas de António Guterres, como o ano da viragem na dívida pública.
Ainda sobre o passado, Passos fez questão de elogiar Fernando Nogueira, ex-líder do PSD e ex-ministro dos governos de Cavaco Silva. E de lamentar a falta que Fernando Nogueira faz na política portuguesa.

Centrando a suas críticas no PS e no seu novo líder António Costa, Passos garantiu que o PSD “não vive em fantasias” em resposta à acusação que lhe tinha sido dirigida pelo líder do PS, António Costa, no sábado à noite (ver caixa). “Quem em Portugal pensasse que as fantasias podiam durar muito ficou elucidado em 2011 do que valem as fantasias”, frisou.

No discurso, Passos defendeu novas políticas de concorrência para o sector privado. "As empresas privadas têm que saber quais são as regras da concorrência, não podem fazer batota, não pagar na hora devida pondo em causa a sustentabilidade de outras empresas, fazer arranjos com outras empresas que tornem o nosso acesso a bens e serviços mais caros", afirmou, sobre o tema, num discurso em que apresentou algumas ideias que podem constar no programa eleitoral para as legislativas. Entre elas a sustentabilidade do sistema de pensões, o desemprego e a coesão social, a natalidade e a coesão territorial.

No que toca à sustentabilidade do sistema de pensões, voltou a insistir na reforma da segurança social e a acusar o PS de não estar disponível para abordar o tema no início do próximo ano. “Não compreendo por que o PS só quer discutir esta matéria depois das eleições”, afirmou Passos, acrescentando: “Estas são matérias importantes, relativamente às quais não podemos perder mais tempo e onde temos perdido tempo de mais.” Mas desdramatizando, Passos sublinhou: “É verdade, nós temos um problema de sustentabilidade de pensões públicas”. Concluindo: “Não é a Segurança Social no seu todo que está em causa.”

PSD prepara programa
Aos militantes da JSD, Passos Coelho pediu colaboração na definição do próximo programa eleitoral, para que possam ouvir os jovens e ajudar a responder aos seus anseios. Mas esse trabalho deve ser feito sem um desvio ao caminho que tem sido feito pelo Governo até aqui. “Não somos Marias vai com as outras”, afirmou o presidente do PSD. “Não contem connosco para uma postura do tipo: digam o que quer o povo, que eu vou dizê-lo e fazê-lo”.

Falando como presidente do PSD e presidente honorário da JSD, Passos Coelho fez uma revisão dos três anos de Governo, defendendo a “mudança” que a coligação que lidera tem introduzido na sociedade portuguesa e recuperando a comparação com a situação da Grécia, que já tinha feito no último debate quinzenal na Assembleia República para apelar à necessidade de “estabilidade política”.

Passos Coelho apontou a área da investigação científica com o exemplar da visão do executivo para o país. “Estamos a conseguir aplicar melhor o nosso dinheiro e a avaliar melhor as instituições”, defendendo que a muito critica avaliação internacional dos centros de investigação promovida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. “Não há sistemas infalíveis, mas é infalível que o que não é devidamente auditado e avaliado, dá asneira pela certa”. O país precisa de “melhores garantias” de que o dinheiro do país vai ser aplicado para fazer melhor investigação, defendendo ainda que a ciência deve estar “ao serviço das empresas e dos portugueses”.

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