Motorista de Sócrates disponível para novo interrogatório
Ministério da Justiça anunciou que vai averiguar as condições de detenção preventiva do motorista
Entretanto, o Ministério da Justiça anunciou que vai averiguar as condições de detenção preventiva do motorista, que se encontra na cadeia anexa à Polícia Judiciária, em Lisboa, uma vez que informações provenientes da sua defesa davam conta de que estaria a partilhar cela com outro arguido da chamada Operação Marquês, o empresário amigo de José Sócrates Carlos Santos Silva.
Ao que o PÚBLICO apurou, João Perna já não partilha neste momento o mesmo espaço com o amigo do patrão. Em casos deste tipo, o mais habitual é os suspeitos serem proibidos de contactar uns com os outros, para que não montem estratégias de defesa comuns, não contaminem os depoimentos uns dos outros nem exerçam coacção entre si. É o que sucede com o advogado Gonçalo Trindade - detido inicialmente por causa deste processo, acabou por ser libertado, estando impedido pelo juiz de contactar com os restantes arguidos
Em declarações prestadas esta segunda-feira à agência Lusa, uma porta-voz do Ministério da Justiça disse que as informações que a tutela tem por parte dos serviços prisionais são de que João Perna e Carlos Santos Silva "estão na mesma ala, mas em celas diferentes".
Já José Sócrates, que é suspeito de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude fiscal, encontra-se no Estabelecimento Prisional de Évora, onde estão detidos membros das forças de segurança e outras pessoas cuja segurança poderia estar comprometida numa cadeia comum. No sábado foi visitado pelo seu antigo braço direito Pedro Silva Pereira, que disse acreditar na inocência do ex-primeiro-ministro. "Encontrei José Sócrates bem, dadas as circunstâncias, e com uma força interior impressionante", acrescentou o hoje eurodeputado. No domingo foi a vez da visita do presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, que falou dos “cobardes que mantêm na prisão” o antigo governante socialista.
O novo advogado do motorista de José Sócrates, Ricardo Candeias, diz que o seu cliente está a ponderar a possibilidade de ser submetido a um segundo interrogatório, por isso lhe poder “trazer benefícios”. Candeias não se alonga sobre as razões pelas quais João Perna preferiu não colaborar com a justiça quando ainda era defendido por um advogado do escritório de Proença de Carvalho, habitual representante legal de Sócrates: “Não sei, porque não estive presente nesse primeiro interrogatório”.