Ministro da Saúde quer evitar ida de idosos de lares às urgências por causa do frio
O objectivo é que os Agrupamentos de Centros de Saúde façam junto dos lares de idosos um levantamento sobre o tipo de cuidados de saúde que prestam, como a regularidade das visitas dos médicos, os cuidados de enfermagem disponíveis ou as taxas de vacinação da gripe nas instituições.
As temperaturas têm estado a descer mas os hospitais ainda não estão a sentir maior afluxo às urgências. O ministro da Saúde, Paulo Macedo, esteve esta semana numa ronda por alguns hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo, mas também em Aveiro e na Póvoa de Varzim, para saber se têm planos de contingência para o previsível aumento de idas às urgências que costuma acontecer nesta altura do ano. Os grupos mais vulneráveis são os idosos e as crianças.
Paulo Macedo esteve, por exemplo, nos hospitais Amadora-Sintra, do Barreiro, de Santarém, o Garcia de Orta (Almada), Centro Hospitalar do Oeste (que integra os hospitais das Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras). Nas suas visitas, o ministro referiu às administrações das unidades que é preciso que os Agrupamentos de Centros de Saúde, com quem devem estar articulados e que têm nas suas equipas um elemento da saúde pública, tentem conhecer a realidade dos cuidados de saúde prestados nos lares de idosos das suas áreas, explicou o responsável pelo gabinete de comunicação do Ministério da Saúde.
A ideia é que os Agrupamentos de Centros de Saúde façam junto dos lares de idosos um levantamento sobre o tipo de cuidados que efectivamente prestam, nomeadamente através de visitas às unidades. Por exemplo, sabendo a regularidade das visitas dos médicos, os cuidados de enfermagem disponíveis, as taxas de vacinação da gripe nas instituições. Na região de Lisboa e Vale do Tejo, estão previstas reuniões entre os hospitais e os Agrupamentos de Centros de Saúde para que esse levantamento seja feito, informou a mesma fonte. O objectivo é evitar a sobrecarga de afluxo às urgências hospitalares mas também impedir que estes idosos fiquem mais expostos a outros problemas de saúde quando se dirigem aos hospitais.
Vários pedidos
Nas visitas aos hospitais o ministro ouviu vários pedidos. Nas Caldas da Rainha, por exemplo, a administração reforçou a necessidade da remodelação do serviço de urgências, mas não obteve do governante a garantia de avançar com a obra. A situação mais urgente, segundo disse o administrador do Centro Hospitalar do Oeste, Carlos Sá, tem a ver com a remodelação do serviço de urgências médico-cirúrgicas, cujo funcionamento foi considerado "caótico" pela Ordem dos Enfermeiros (OE). Em Março deste ano, a OE denunciou a permanência de cerca de 40 macas nos corredores do serviço que, em períodos de maior procura, não tem capacidade de internar todos os doentes, lembra a Lusa.
Já o Hospital de Santarém reclamou a contratação de mais 60 enfermeiros, que foi autorizada pelo ministro da Saúde, mas não se sabe quando terá lugar. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses afirmou, em Novembro, que na unidade seriam necessários mais de 170 enfermeiros, dando conta da "grande" carência destes profissionais de saúde nos serviços de urgência, cita o jornal da região O Mirante.
No caso do Hospital Amadora-Sintra foi pedida a contratação de 12 médicos internos, sem relação com a preparação para a época do frio. O responsável pelo gabinete de comunicação da unidade diz que nesta altura ainda não notaram mais afluxo de doentes, mas que já foram destinadas 30 camas de internamento para acorrer a um previsível aumento de idas às urgências. No ano passado, o Inverno trouxe aumentos de 50%.
No Hospital de Braga também ainda não é notório qualquer aumento mas já está no terreno o reforço da equipa de urgências com médicos de clínica geral, tal como acontece todos os anos por esta altura, informou a directora de comunicação, Elisabeth Ferreira. Ao mesmo tempo, explica, as urgências muitas vezes entopem porque faltam camas de internamento. Assim, o hospital tenta ter mais camas disponíveis programando para esta altura do ano mais cirurgias de ambulatório (que não exigem internamento) do que convencionais. Por dia, costumam receber uma média de cerca de 500 doentes nas urgências; no ano passado, no pico das urgências de Inverno, houve mais 80 a 100 pessoas por dia. A maior parte dos casos resulta de idas por complicações da gripe, nomeadamente respiratórias, de crianças e idosos.