EI reivindica nova decapitação, quando guerra no Iraque parece “começar a mudar”

Peter Kassig é o quinto ocidental cuja morte foi reivindicada pelos islamistas. Chefe das Forças Armadas dos EUA disse em Badgdad que foi evitado que o Iraque caísse “no precipício”.

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Martin Dempsey, com o chefe do Exército iraquiano, general Babakir Zebari, em Bagdad Reuters

O vídeo em que a morte de Kassig é revindicada mostra um homem de sotaque britânico, cara tapada, em pé, ao lado duma cabeça decepada, que diz ser do cidadão norte-americano. Nas imagens, cuja autenticidade foi confirmada domingo à noite pela Casa Branca, combatentes islamistas executam homens apresentados como soldados sírios, pelo menos 18 segundo a agência AFP.

Kassig, raptado quando seguia a caminho de Deir Ezzor, na Síria, em Outubro de  2013, é o terceiro norte-americano – o quinto ocidental –  cuja decapitação é reivindicada pelo EI, desde Agosto, depois dos jornalistas James Foley e Steven Sotloff. Os jihadistas reclamaram também a execução de Alan Henning, taxista inglês que trabalhava na ajuda humanitária na Síria, e do escocês David Haines, ex-militar em missão humanitária no país. Ao contrário do que aconteceu com anteriores vídeos em que foi anunciada a decapitação de ocidentais, Kassig não é mostrado vivo.

A morte do refém é apresentada pelos sequestradores como uma represália pela presença de conselheiros militares dos Estados Unidos no Iraque. “Disse há quatro anos que retirava do Iraque [...] Na verdade, não fez mais do que esconder algumas das suas tropas […] voltaram em maior número”, diz o homem do vídeo, dirigindo-se ao Presidente norte-americano, Barack Obama.

Há pouco mais de uma semana, Obama autorizou o envio de 1500 militares para o Iraque, duplicando o contingente no país. Mas a administração norte-americana garantiu que a missão não mudou e que continua a ser treinar e aconselhar forças iraquianas na luta contra o grupo jihadista.

Horas antes de anunciada a execução de Kassig, numa visita surpresa ao Iraque, o chefe de Estado Maior dos Estados Unidos, general Martin Dempsey, disse a militares norte-americanos em Badgdad que o rumo da guerra está a “começar a mudar”, embora tenha reafirmado que o combate ao EI se prolongará durante anos.             

Segundo a Reuters, que viajou com o general, Dempsey disse a soldados que fazem a segurança da embaixada em Bagdad que as tropas dos Estados Unidos ajudaram as forças iraquianas e curdas a “não deixarem cair o Iraque no precipício”. “Agora, penso que começa a mudar.”

O chefe militar – que há dias, na Câmara dos Representantes, afirmou que não pode ser excluído o envio de tropas de combate para o Iraque – disse que foi crucial mostrar que o autoproclamado Estado Islâmico não era imparável mas sim um “bando de anões à volta de uma ideologia radical”. Mas a resolução do problema passa pela capacidade do governo iraquiano para criar confiança entre sunitas e xiitas, afirmou também.

Reconquistas
As declarações de Dempsey – que depois de contactos em Bagdad se deslocou a Erbil, capital da região semiautónoma curda – juntam-se a informações sobre a reconquista, com apoio aéreo da coligação internacional, de posições perdidas para os radicais sunitas, no Norte. Depois de, na quarta-feira, terem rechaçado o EI da barragem de Adhaim, a Norte da capital, foi anunciada a reconquista de Baiji, na sexta, e a quebra do cerco montado há meses à refinaria de Baiji, a principal do país, a dez quilómetros da cidade, no sábado.

Antes das últimas notícias, analistas ouvidos pelo Washington Post consideravam já que o tempo das rápidas conquistas do EI estaria a chegar ao fim, principalmente no Iraque, quer devido aos ataques aéreos da coligação liderada pelos Estados Unidos quer pela sua maior dificuldade em progredir em áreas não sunitas. Mesmo em algumas áreas sunitas, o EI estaria a encontrar resistências.

Mas o grupo mantém o controlo de vastas áreas do Iraque e da Síria. Na província iraquiana de Anbar, continua mesmo a ganhar terreno, segundo informações do jornal norte-americano. Na Síria, dividida em zonas controladas pelo regime, por rebeldes e por jihadistas, a violência também não conhece tréguas. Neste país, ainda que não haja indicações de recuo dos islamistas no terreno, os ataques aéreos terão afectado a sua rede de apoio e obrigado a uma readaptação do dispositivo militar com o objectivo de tornar menos exposto.

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