Director do SIS apanhado a ajudar suspeito no caso dos vistos gold
Segundo o Expresso, os espiões foram chamados pelo director do Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo, que suspeitava estar sob escuta.
A notícia é divulgada neste sábado na edição do Expresso. Segundo o semanário, os três elementos do SIS foram detectados, em Maio, numa acção de vigilância da Polícia Judiciária (PJ) ao escritório de António Figueiredo no Campus de Justiça, em Lisboa. O director do INR suspeitava estar sob escuta ou com o computador monitorizado.
De acordo com um magistrado ligado aos serviços de informação, citado pelo Expresso, o SIS não pode realizar este tipo de trabalho a pedido, sobretudo quando está em curso uma investigação da PJ. O mesmo jornal diz que António Figueiredo não estava, afinal, sob escuta.
Figueiredo, que na última década tem ocupado cargos na estrutura do Estado, tanto em governos socialistas como do PSD/CDS, é amigo pessoal do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo. Foi também visto recentemente numa sessão de apoio à candidatura de António Costa a primeiro-ministro.
O director do INR foi um dos 11 detidos esta semana sob suspeita de corrupção na operação Labirinto, que investiga a atribuição de vistos “dourados” a cidadãos estrangeiros. Entre os outros arguidos está ainda o director nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Jarmela Palos, e a secretária-geral do Ministério da Justiça, Maria Antónia Anes. Na operação que mobilizou 200 inspectores da PJ em todo o país, foram também detidos outros funcionários e dirigentes do IRN e três cidadãos chineses ligados a empresas que agilizam a atribuição de autorização de residência para investimento, os chamados vistos gold.
Os detidos foram identificados na sexta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, e vão regressar este sábado para serem interrogados por um juiz de instrução. Estão a ser acompanhados por "pesos pesados" da advocacia portuguesa, que estiveram envolvidos em processos como o Face Oculta, BPP, Portucale ou Casa Pia. Em causa estão suspeitas de crimes de corrupção, tráfico de influências, peculato e branqueamento de capitais.