Cameron acena com mais sanções à Rússia nas vésperas do G20

As 20 maiores economias do mundo juntam-se este fim-de-semana na Austrália para debater o crescimento e o emprego, mas foi com a Ucrânia que foram abertas as hostilidades.

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Os líderes do G2 vão discutir temas económicos, mas a Ucrânia dominou as primeiras declarações Jason Reed/Reuters

Já em solo australiano, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou “inaceitável” a acção da Rússia na Ucrânia. Na véspera, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se pela 26.ª vez com a crise ucraniana em mãos, na sequência de um alerta da NATO para a entrada de forças militares russas na Ucrânia. Os Estados Unidos e a União Europeia estão entre aqueles que acusam Moscovo de apoiar directamente os comandos rebeldes pró-russos que têm desafiado nos últimos meses o Governo de Kiev, num conflito que já fez mais de 4000 mortos.

Desde então, a Rússia tem sido alvo de várias sanções económicas, que vão desde o congelamento de bens de alguns dirigentes políticos até ao corte do financiamento junto de instituições bancárias de algumas das suas principais empresas. Com um novo agudizar do conflito no Leste ucraniano, pode vir aí uma nova vaga de sanções. “Se a Rússia continuar a piorar a situação, poderemos ver essas sanções a aumentar. É tão simples quanto isso.” O aviso foi deixado por David Cameron, abrindo a possibilidade de tornar esse cenário uma realidade já na próxima segunda-feira, quando os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28 se encontrarem em Bruxelas.

No entanto, a chanceler alemã, Angela Merkel, tinha afastado essa possibilidade dias antes, dizendo que a prioridade deveria ser “a situação humanitária” na Ucrânia e “como alcançar um verdadeiro cessar-fogo”. Já na Austrália, a líder alemã adoptou uma posição mais dura: “O que me preocupa bastante é que a integridade territorial da Ucrânia esteja a ser violada”, disse aos jornalistas.

O Presidente russo, Vladimir Putin, também levantou o tema das sanções nas vésperas de se juntar aos líderes do G20. Numa entrevista à agência TASS, Putin descreveu a aplicação de sanções à Rússia como um “erro” que coloca em causa “o sistema internacional de relações económicas no seu todo”. As medidas “contrariam o direito internacional, porque as sanções só podem ser aplicadas no âmbito das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança”, defendeu.

Apesar de reconhecer que a economia russa tem sentido os efeitos negativos das sanções, Putin garantiu que as reservas naturais de gás e petróleo são suficientes para que o Governo cumpra os seus “compromissos sociais”. O líder russo ainda alertou directamente a Alemanha ao apontar para os 300 mil empregos em risco por causa das sanções aplicadas. Os dois líderes têm um encontro marcado à margem da cimeira do G20, anunciou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Nem o próprio anfitrião do encontro, o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, deixou de abordar o tema, apesar de insistir que “as prioridades do G20 serão o crescimento e o emprego”. Questionado sobre a incursão de quatro navios militares russos perto da costa Norte australiana, Abbott disse ser “parte de um padrão lamentável”. “A Rússia tem sido muito mais assertiva agora do que durante muito tempo”, observou o líder australiano. “Curiosamente, a economia russa tem caído à medida que a assertividade russa tem aumentado.”

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