Sonda File: "Está viva e funciona!"
O anúncio é do director do Centro Nacional de Estudos Espaciais francês, Marc Pircher, sobre a aterragem da sonda num cometa.
A File, que se separou da sonda <i>Roseta</i> na quarta-feira de manhã, para iniciar sozinha uma viagem de 20 quilómetros até ao núcleo do cometa, chegou ao seu destino às 15h35 (hora de Lisboa). Mas houve falhas, que pregaram um susto a todos depois da festa inicial, quando tudo parecia ter corrido bem – os arpões que a deviam prender ao cometa não funcionaram. Corria-se assim o risco de a File voltar a fugir para o espaço, uma vez que a gravidade do cometa, sendo um corpo muito pequeno, é muito fraca. Na conferência de imprensa, Marc Pircher garantiu, no entanto, que a sonda está imobilizada: “Ela pousou e não se está a mexer mais.”
Só que, como os arpões não funcionaram, ela saltou algumas vezes. Ou, por outras palavras, aterrou várias vezes. “Como os arpões não funcionaram, ela ressaltou. Sabemos que se mexeu.”
Philippe Gaudon, chefe do projecto da File no CNES, acrescentou na conferência de imprensa que, na verdade, a sonda aterrou três vezes – o que significa que saltou duas.
Esses saltos e aterragens decorreram muito lentamente – como se fossem em câmara lenta. E puseram a File a um quilómetro do local inicial da primeira aterragem. Está agora num sítio muito inclinado e não recebe muita luz solar, o que é uma dificuldade da missão. Tem 1,5 hora de luz a cada 12 horas para carregar as baterias.
A primeira aterragem foi, no entanto, no centro do local exacto planeado pelos engenheiros da missão – um facto que Marc Pircher considerou impressionante. Nunca na história da exploração espacial tinha havido uma missão deste género. “É francamente extraordinário. Ao fim de dez anos de viagem, chegar e pousar em dezenas de metros.”
Há sempre o risco de a File voltar a subir e a descer, afinal os gases que o cometa irá libertando à medida que se aproxima do Sol serão cada vez mais. “[Mas] não há razão para se mexer nos próximos dias”, assegurou o director do centro francês, acresentando que os cientistas poderão assim fazer o seu trabalho e tirar o máximo partido dos dados científicos que os engenheiros lhes darão.