Juiz timorense alerta para falta de segurança após expulsão de portugueses
"De momento, não há sinais que irão respeitar as nossas vidas. As campanhas anti-juízes e anti-tribunais junto dos timorenses continuam sem tréguas".
A magistrada diz ter recebido o email de um juiz timorense, adiantando que já tentou falar para Timor-Leste para "saber o que se está a passar". Glória Alves referiu ainda que obteve informações de que o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, se havia reunido com os "veteranos" ou "ex-combatentes", o que a deixa preocupada.
No seu email, o magistrado timorense diz ser necessário "denunciar o plano traiçoeiro contra juízes timorenses" após a expulsão dos cooperantes portugueses, adiantando que "todos os juízes timorenses já estão a par da situação".
"De momento, não há sinais que irão respeitar as nossas vidas. As campanhas anti-juízes e anti-tribunais quer nacionais quer internacionais junto dos timorenses continuam sem tréguas", diz ainda a missiva vinda de Timor-Leste, apelando à comunidade internacional para garantir a segurança destes profissionais. Expulsa de Timor juntamente com outros oito funcionários judiciais, Glória Alves foi ouvida na segunda-feira pela procuradora-geral da República, pondo-a ao "corrente da situação", tendo recebido a "solidariedade" de Joana Marques Vidal.
Entretanto, os juízes portugueses apresentaram uma proposta de resolução na reunião anual da União Internacional de Magistrados, a decorrer na Foz do Iguaçu, no Brasil, para que Timor seja condenado por violação do princípio de separação dos poderes e da independência dos tribunais.
Entregue pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses, com o apoio das associações de juízes de língua portuguesa e da União Internacional dos Juízes de Língua Portuguesa, a proposta refere que as resoluções do Parlamento e do Governo de Timor-Leste que expulsaram os magistrados “constituem um sério ataque à confiança e à legitimidade da justiça em Timor-Leste e nos países que com ele cooperam internacionalmente na área da justiça”.