O pagamento da dívida ucraniana de 3100 milhões de dólares para com a Gazprom russa deverá fazer-se em duas tranches: a primeira imediatamente e a segunda no fim do ano, diz a AFP. Programas de ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional deverão ajudar Kiev a pagar pelo gás natural de que precisa.

O acordo é temporário: vigorará apenas de Novembro de 2014 a Março de 2015. Neste período, a Ucrânia deverá desembolsar 385 dólares por 1000m3 de gás russo e deverá pagar a conta do mês anterior no início do mês seguinte. Kiev queria ter a garantia absoluta de que este preço não sofreria alterações durante o período de contrato e terá obtido essa garantia de Moscovo. A Gazprom praticamente duplicou o preço do gás fornecido à Ucrânia após a queda do Presidente pró-russo Viktor Ianukovitch.

A Gazprom interrompeu as entregas de gás à Ucrânia em Junho, sob o argumento de uma dívida colossal que Kiev não dava mostras de querer pagar. Na semana passada, a Ucrânia pediu uma linha de crédito de 2000 milhões de euros à União Europeia para resolver a questão do gás, e o primeiro-ministro Arseni Iatseniuk anunciou que iria pedir ajuda também aos Estados Unidos e à Alemanha.

Durão Barroso, nas suas últimas horas como presidente da Comissão Europeia – nesta sexta-feira entra a nova equipa, dirigida pelo luxemburguês Jean-Claude Juncker – falou várias vezes ao telefone com o Presidente ucraniano Petro Poroshenko. E nesta quinta-feira apelou “a todas as partes para que fossem concluídas as negociações”.

O comissário da Energia cessante, o alemão Günther Oettinger, estava também determinado a garantir um acordo para que este Inverno o abastecimento de gás russo que passa pela Ucrânia siga para os países da União Europeia que são clientes habituais. Normalmente, os países da UE consomem todos os anos cerca de 450 mil milhões de metros cúbicos de gás natural. Destes, 300 mil milhões são importados, e 125 mil milhões são comprados à Gazprom. Pelos gasodutos ucranianos passam 75 mil milhões de m3 desse gás.