Derrota do PSDB estende-se aos estados

Depois de perder Minas Gerais na primeira volta, o partido de Aécio Neves venceu as principais disputas em que estava envolvido mas, no final, viu o seu poder reduzir-se de oito para cinco estados. O PT perdeu o Rio Grande do Sul e o PMDB, que já é o maior partido do Brasil, é desde ontem o que mais estados vai governar.

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Apoiantes do PSDB e do PT cruzando-se numa secção de voto de Brasília Evaristo SA/AFP
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Em Belo Horizonte, apoiantes do PSDB de Aécio Neves, acompanham resultado do escrutínio dos votos Paulo Vilela/AFP

O grande derrotado da disputa política estadual foi o Partido Socialista Brasileiro que, na sequência do protagonismo do seu líder e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto num acidente de aviação em 13 de Agosto, se tinha tornado na segunda força política estadual logo a seguir ao PSDB, com o controlo de seis governos. Após o apuramento de ontem, o PSB ficou reduzido a três: o do Pernambuco, onde a herança de Campos ainda pesa, no vizinho estado da Paraíba, e no Distrito Federal.

O PT, que conseguiu manter a Presidência da República pela quarta eleição consecutiva, consegue manter o número de Estados de 2010, mas o seu limite territorial acaba agora em Minas Gerais. O bastião do Rio Grande do Sul, onde Dilma Rousseff fez o seu tirocínio político, mudou de cor. O governador Tarso Genro, que concorria pela reeleição, foi derrotado pelo candidato do PMDB José Ivo Sartori, no que pode ser considerado como uma das grandes surpresas deste acto eleitoral. Tarso Genro é um destacado militante do PT (foi presidente do partido em 2005) e ocupou por três vezes cargos ministeriais nos governos de Lula – é pai de Luciana Genro, que se apresentou na corrida às presidenciais pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

Para compensar o revés, o PT pode reclamar a conquista de Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, que desde 2002 era um feudo eleitoral do PSDB e caiu às mãos de Fernando Pimentel.

A escolha para governador não seguiu uma divisão geográfica linear semelhante à da eleição presidencial, com o Norte e o Nordeste a votarem em massa em Dilma e o resto do país (Centro-Oeste, Sudeste e Sul) a optarem por Aécio Neves. Nas eleições estaduais, mais do que o peso do partido, o que conta é o protagonismo dos candidatos. Ainda assim, o PT conseguiu as suas vitórias desta segunda volta nos estados do Nordeste, onde nos últimos anos se consolidou como força eleitoral. O PSDB concentra-se agora no Mato Grosso e nos estados do Sudeste, incluindo São Paulo, que vale mais de um terço da representação eleitoral do Brasil e conseguiu manter o enorme estado do Pará, onde Simão Jatene, um histórico do partido, conseguiu resistir à ofensiva de Helder Barbalho, do PMDB, um dos principais representantes das oligarquias políticas do país.

O PMDB sai da segunda volta com bons resultados. Conseguiu manter o governo do Estado do Rio de Janeiro, onde ontem Luís Fernando Pezão se impôs ao evangélico Marcello Crivella, e conquistou o Rio Grande do Sul ao PT. As suas outras vitórias ocorreram em estados com menos influência na relação de poder da federação. Na primeira volta conseguira eleger o filho de Renan Calheiros, filho do presidente do Senado Renan Calheiros, em Alagoas, numa aliança em que participou Fernando Collor de Mello, o presidente que em 1991 foi demitido na sequência de um processo de impeachment.

No resto dos estados, as disputas levaram ao poder partidos com história mas com pouco presente, como o Partido Democrático Trabalhista (PDT), fundado por Leonel Brizola em 1970, que conquistou dois estados. No Amazonas venceu o Partido Republicano da Ordem Social, PROS, fundado há apenas quatro anos, e em Santa Catarina e no Rio Grande do Norte a vitória final coube ao Partido Social Democrático. Na primeira volta o Partido Comunista do Brasil, PC do B, obtivera uma vitória histórica ao conquistar o Maranhão à oligarquia de José Sarney.

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