Passos acusa comentadores e jornalistas de serem “patéticos” e “preguiçosos”

Primeiro-ministro encerrou jornadas parlamentares da maioria PSD/CDS.

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O primeiro-ministro discursou sem a presença de Paulo Portas Enric Vives-Rubio
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O momento mais inflamado do discurso – que encerrou as jornadas parlamentares da maioria PSD/CDS – aconteceu quando o primeiro-ministro atacou comentadores, depois de se ter referido a jornalistas também. “Todos os comentadores e jornalistas podem olhar para os números e saber o que eles dizem”, afirmou, para logo lamentar: “Pena que para neste exercício de coerência muitos sejam preguiçosos e às vezes orgulhosos. Têm-se dito no debate público inverdades como punhos”.

Depois, Passos Coelho, falando sempre num Orçamento coerente, sublinhou que a despesa pública caiu, mas que isso não é reconhecido. “Pasme-se que imensa gente escreveu e anunciou publicamente que não era assim. Estávamos como em 2011, estamos na mesma. É oficial, se ouvirmos as televisões, lermos nos jornais, os cortes não existiram, os sacrifícios e austeridade não existiram, os portugueses estão equivocados, estamos como estávamos em 2011”, ironizou. “Chega a ser patético verificar a dificuldade de gente que se diz independente tem de assumir que errou, que foi preguiçosa, que não leu, que não estudou, não comparou, que não se interessou, a não ser em causar uma boa impressão de dizer ‘Maria vai com as outras’, o que toda gente diz porque fica bem”, afirmou, arrancando uma forte salva de palmas.

Sem nunca se referir a nomes ou perfis dos comentadores, Passos Coelho desafiou a que se retractassem. “Quando o Governo erra exige-se que peça desculpa – já aconteceu – e dê a mão à palmatória. Mas, se nós podemos reconhecer os nossos erros, porque é que aqueles que informam os portugueses e informam mal não devem dar a mão à palmatória e pedir desculpa?”, questionou. Depois, o primeiro-ministro exigiu ainda “rigor” na informação que é prestada aos portugueses pelos partidos da oposição.

Perante os deputados da maioria, Passos Coelho não se referiu à sobretaxa do IRS, mas mostrou disponibilidade das bancadas para acolher propostas sobre o quociente familiar. Na avaliação global do Orçamento do Estado para 2015, o primeiro-ministro considera que se trata de um exercício de “coerência”. “Foi sempre importante, preservar o interesse do país independente de qualquer cálculo partidário. Não fizemos o que era mais prático, mais simpático e popular, o país não nos perdoaria em vez de estarmos preocupados connosco próprios”, afirmou. Lembrando que o Governo recuperou a “credibilidade do país” e a “confiança dos agentes económicos”, Passos Coelho tranquilizou os deputados quanto às legislativas: “podem ficar descansados, o julgamento só vai ocorrer daqui a um ano e portanto temos muito que fazer”. 

O primeiro-ministro discursou sem a presença de Paulo Portas, ao contrário do que é habitual nas jornadas conjuntas. O vice-primeiro-ministro interveio logo de manhã, saiu e não regressou para o encerramento.

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