Empresa que gere o Multibanco lança sistema de pagamentos por telemóvel
Novo serviço estará disponível em Abril e quer fomentar as compras na Internet.
Chamado MB Way, o novo sistema funciona através da associação de um ou mais cartões bancários ao número de telemóvel. Depois disso, e nos comerciantes que optarem por usar esta solução, o comprador pode pagar inserindo o número de telemóvel, ou o email, em vez de usar os dados do cartão. De seguida, o utilizador recebe no telemóvel um pedido de autorização do pagamento, tendo de inserir um código secreto para que a transacção seja feita.
O sistema poderá ser usado tanto em lojas físicas, como para fazer pagamentos online. Mas a SIBS considera que os métodos de pagamento existentes nas lojas não trazem qualquer problema aos consumidores e o objectivo do MB Way é sobretudo fomentar os pagamentos na Internet. Neste caso, nem todos os utilizadores estão dispostos a inserir online os dados do respectivo cartão e há também quem não tenha um tipo de cartão que seja aceite pelos comerciantes.
“Isto é sobretudo para facilitar o [comércio] online”, afirmou, numa apresentação para jornalistas, o administrador da SIBS, Luís Flores. Sem querer adiantar objectivos de adesão, o responsável disse estar convicto de que o serviço será “maior do que o MB Net”, o cartão de crédito temporário, desenvolvido pela SIBS para quem não queira usar os cartões bancários tradicionais em pagamentos online.
Um estudo feito pela analista Data Monitor para a SIBS concluiu que a segurança do método de pagamento é o segundo factor que mais influencia os consumidores portugueses na altura de fazer compras online, a seguir ao conforto. A segurança é uma preocupação para 20% destas pessoas, um valor ligeiramente superior aos 18% registados nos outros países europeus analisados, entre os quais França, Espanha, Itália, Bélgica e e Alemanha. Além disso, no conjunto destes países, a segurança é só o terceiro factor mais referido, atrás do conforto e da conveniência.
Em Portugal, o comércio online tem vindo a crescer, mas ainda é usado por uma minoria. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatístistica, relativos ao ano passado, 15% das pessoas entre os 16 e os 74 anos já tinham feito compras online, um valor que duplica na faixa etária entre os 25 e os 34 anos. A adesão ao comércio electrónico remete Portugal para os lugares do fundo na tabela europeia.
O MB Way está agora em fase de testes e começará a ser disponibilizado por convite a alguns clientes dos bancos que aderiram à plataforma, entre os quais estão a Caixa Geral de Depósitos, o BPI, o Millennium BCP, o Montepio, o Novo Banco e o Santander Totta. Em Abril, poderá começar a ser usado por qualquer cliente que descarregue a aplicação, disponível para aparelhos equipados com Android ou iOS.
Para além dos pagamentos, o MB Way permtite fazer transferências instantâneas entre contas bancárias de dois utilizadores do serviço. Basta indicar na aplicação o número de telemóvel ou o email da pessoa para quem se quer transferir o dinheiro. Caso o destinatário da transferência não seja utilizador do serviço, receberá uma mensagem a perguntar se quer aderir.
A novidade é mais uma tentativa de concretizar a ideia de trasformar o telemóvel em carteira, algo que a banca, a indústria de telecomunicaçoes e os fabricantes de telemóveis têm vindo a tentar há vários anos. E surge na mesma semana em que a Apple estreou a sua plataforma de pagamentos online, desenvolvida numa parceria com a Visa e a Mastercard e que, por ora, funciona apenas nos EUA. "Temos concorrência agressiva", reconheceu Luís Flores aos jornalistas.
Já em Portugal, a PT lançou este ano o Meo Wallet, um sistema de pagamentos móveis que funciona num modelo de carregamento de saldo que pode depois ser gasto. Cerca de 30 empresas aderiram ao sistema, muitas das quais na área da restauração. Já no ano passado, um consórcio de bancos, universidades, operadores de telecomnunicações e outras entidades (entre as quais a SIBS) tinham tentado desenvolver uma solução de pagamentos móveis destinada a transacções de baixo valor.
Luís Flores não divulgou o investimento feito na criação do MB Way, mas disse que para a empresa “foi a prioridade número um no último ano e meio”.