Directores enfrentaram dificuldades com a plataforma mas já estão a chamar os docentes
Dirigentes esperam que, entre esta semana e a próxima, a polémica colocação de professores fique resolvida.
Esta segunda-feira marcou o arranque de uma nova fase na polémica colocação de docentes que tem atrasado o início das aulas para muitos alunos. A partir de agora, são os directores quem tem a responsabilidade de contactar os docentes. Têm acesso às listas feitas pelo MEC, com os professores ordenados, e vão contactando aquele que estiver em melhor posição. Acontece que, de manhã, os directores ainda tinham dúvidas acerca do funcionamento da plataforma.
“Ainda estamos a tentar perceber como funciona. Há muitas coisas que estamos com dificuldade em entender. Tanto quanto percebemos as listas ainda não estão actualizadas. Tanto quanto pudemos entender são as listas com os professores colocados a 3 de Outubro e o que aconteceu depois já devia estar actualizado. Mas admito que o erro seja nosso. Recebemos uma nota informativa na sexta-feira à tarde, com um conjunto de explicações ainda não suficientemente claras, à moda do MEC”, relatava de manhã o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira.
Mas o MEC, através do gabinete de comunicação, fez saber que eram mesmo as listas de 3 de Outubro (as que foram publicadas, depois de a tutela corrigir o erro na ordenação dos candidatos e que levou o ministro da Educação, Nuno Crato, a pedir desculpa ao país) que lá deviam estar. Em resposta ao PÚBLICO, o MEC justificava que tinham de ser estas as listas, “porque um professor pode obter uma colocação temporária e deixar de estar disponível [para contratação] e, ao concluir essa colocação, volta a estar disponível, mantendo o lugar que tinha na lista ordenada”. Os directores têm acesso estas informações na plataforma.
Ao final do dia, Manuel Pereira já se mostrava mais confiante: “À tarde, já conseguimos ter acesso a esse tipo de dados, as coisas já estão a correr melhor. De manhã, havia alguma falta de informação, não conseguíamos perceber bem como funcionava e não carregamos em botões sem ter a certeza. Em alguns grupos disciplinares da minha escola [do Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto], já conseguimos falar com professores que disseram que sim. Precisamos de 10 e cinco já ficaram de aparecer cá amanhã, em princípio. Mas têm sempre 24 horas para responder”, diz, acrescentando que “aparentemente a situação está a tornar-se mais célere”.
Ainda assim, Manuel Pereira mostra-se cauteloso em relação a esta solução de passar a colocação dos docentes da responsabilidade do MEC para as mãos dos directores: “Não há milagres. Vai demorar uns dias até se resolverem as coisas. Só nos próximos dias é que vamos poder confirmar se isto foi um presente envenenado”, diz, confiante, no entanto, que desta forma o processo é “mais expedito” e ágil. A questão é que, como os docentes têm um prazo de 24 horas para responder e podem ser contactados por várias escolas, poderá acontecer que algumas não consigam logo preencher os lugares.
2 mil docentes
Manuel Pereira diz que “as coisas estão bem encaminhadas, a andar mais rapidamente”: “Em princípio, estas escolas estiveram hoje [segunda-feira] a fazer o trabalho e espero que, no final esta semana, o número de professores em falta seja residual. Na pior das hipóteses, em meados da próxima semana, estará tudo resolvido.” Segundo uma estimativa da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), mais de um mês depois do arranque do ano lectivo, ainda falta colocar cerca de dois mil docentes, um número que Manuel Pereira acredita corresponder à realidade.
O vice-presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, também relatou ao PÚBLICO que, depois de ultrapassadas algumas dificuldades, “a partir de meio da manhã”, os directores “já conseguiam aceder às listas e às informações”: “Não percebo nada de tecnologia, mas a plataforma é muito intuitiva. No início, carregávamos num candidato e aquilo demorava meia hora, mas depois já era mais rápido. Eu já liguei a sete candidatos, o total dos que precisava na minha escola [em Vila Nova de Gaia]. Muitos já aceitaram, um ou outro pediu mais tempo para pensar, têm um prazo de 24 horas para responder."
Questionado sobre quando acredita que estarão os problemas com a colocação de docentes resolvidos, Filinto Lima garante que “os directores estão a trabalhar a 200%” nisso, mas não fazem “milagres”: “Na pior das hipóteses, até ao final do mês.”
À Lusa, o presidente do Conselho de Escolas e director da Escola Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim, também relatou dificuldades com plataforma: “Penso que a aplicação ainda está a ser afinada”, disse, acrescentando que não estava a conseguir aceder às listas de professores em todos os horários.