Rede de médicos de família registou subida de 12% nos novos casos de diabetes

Rede Médicos-Sentinela diz que dados acompanham "tendência crescente deste problema de saúde em Portugal".

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Mais de 55% dos casos foram detectados em mulheres MANUEL ROBERTO

No ano passado a rede recebeu 157 notificações de novos casos de diabetes, que em 55,4% dos casos foram de mulheres. As idades totais variaram entre os 13 e os 87 anos, com uma mediana de 63 anos. Houve ainda cinco internamentos hospitalares e um óbito. Com estes dados, a rede de clínicos estimou que a taxa de incidência de diabetes era de 557 casos por cada 100 mil habitantes – um valor que sobe para os 932 casos por cada 100 mil pessoas se tivermos apenas em consideração a população acima dos 35 anos.

No caso dos sexo masculino a incidência mais elevada ocorre entre os 55 e os 64 anos, enquanto nas mulheres o valor sobe a partir dos 65 anos. De acordo com o relatório, “as elevadas taxas de incidência de diabetes mellitus em ambos os sexos, acompanhando a tendência crescente deste problema de saúde em Portugal” reforçam “a necessidade de manter a diabetes mellitus sob monitorização na rede”.

Em 2013, de acordo com um estudo da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), Portugal gastou em média 575 mil euros por dia em medicamentos para a diabetes, com os encargos a aumentarem cerca de 400% nos últimos 13 anos. A despesa do Estado com estes fármacos atingiu os 210 milhões de euros, quase um quinto do total dos medicamentos em ambulatório.

No período de 2000 a 2006, o peso destes medicamentos rondava 5%, enquanto actualmente se situa nos 18% do total dos encargos do SNS em ambulatório. Porém, no ano passado a despesa com medicamentos cresceu mais do que o número de fármacos consumidos, o que, explicou o Infarmed, “significa que se começaram a utilizar alternativas de tratamento mais dispendiosas”.

Em Portugal existem actualmente mais de um milhão de pessoas com diabetes. Estima-se que em 2035 a prevalência desta doença crónica atinja os 15,8%, cerca de 1,2 milhões de pessoas.

Esta rede olhou também para os dados relativos à hipertensão e, também aqui, foi registada uma subida significativa da incidência. No ano passado foram notificados 234 casos de hipertensão arterial, correspondendo 53% das situações a mulheres. Na população com mais de 25 anos estes dados correspondem a uma incidência de 1122 casos por cada 100 mil habitantes, quando em 2012 o valor se ficou pelos 822, o que significa que houve um aumento superior a 35%. Para o total da população inscrita a incidência baixa, mas ainda assim fica nos 830 casos por cada 100 mil utentes. Nos homens as taxas mais elevadas encontram-se entre os 55 e os 64 anos, e nas mulheres entre os 65 e os 74.

Os Médicos-Sentinela recolheram também dados relacionados com o planeamento familiar e que indicam que quase 38% das 220 gravidezes notificadas em 2013 pela rede não foram planeadas, um número que aumenta para 70% no grupo de grávidas com idades entre os 15 e os 24 anos. Mesmo assim, os valores registaram uma ligeira melhoria em relação a 2012. O número de consultas relacionadas com depressão e os casos de insónia foram outros dos indicadores avaliados e que, da mesma forma, registaram valores mais positivos do que no relatório anterior.

A Rede Médicos-Sentinela é uma rede de médicos de família cuja actividade profissional se desenvolve em centros de saúde do SNS e que, voluntariamente, notificam casos ou episódios de doença e de outras situações relacionadas com saúde dos indivíduos inscritos nas respectivas listas de utentes. No ano passado esta rede contava com 112 médicos de família distribuídos por sete regiões de saúde.

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