EUA não podem ceder "à histeria do medo" quanto ao ébola, diz Obama
Presidente norte-americano rejeita interditar voos provenientes dos países africanos mais afectados.
Na sua declaração semanal ao país, este sábado, Obama reforçou a sua intenção de não interditar os voos provenientes de África, nomeadamente dos três países mais atingidos – Serra Leoa, Guiné-Conacri e Libéria: "Não nos podemos simplesmente desligar da África Ocidental", declarou. "Tentar selar uma região inteira do mundo, como se isso fosse sequer possível, podia na verdade piorar a situação", explicou Barack Obama.
"Esta é uma doença perigosa, mas não podemos ceder à histeria do medo, porque isso só dificulta a tarefa de passar a informação necessária. Temos de nos guiar pela ciência. E recordar-nos dos factos", afirmou o presidente norte-americano, destacando um dos pontos mais relevantes: o vírus do ébola não é transmitida pelo ar, como a gripe. "Não a podem apanhar por andar de avião ou de autocarro. A única maneira de terem a doença é através do contacto com os fluidos corporais da pessoa que já apresenta sintomas", explicou.
Acrescentando que o combate à epidemia vai "levar o seu tempo", Obama admitiu ainda que possam ocorrer novos casos isolados nos Estados Unidos, mas que o país está preparado: "Se tomarmos as medidas necessárias, se nos guiarmos pela ciência dos factos e não pelo medo, então estou absolutamente confiante que podemos prevenir um surto nos Estados Unidos e continuar a liderar o mundo neste esforço", afirmou.
Barack Obama tenta assim acalmar os receios que já levaram ao encerramento de várias escolas nos estados do Ohio e do Texas, porque alguns dos professores e alunos viajaram no mesmo avião que Amber Vinson, a segunda enfermeira do hospital de Dallas infectada com ébola. Vinson fez uma viagem áerea entre aqueles dois estados já com febre – e com autorização das autoridades sanitários norte-americanas, que tinha contactado previamente. Posteriormente, foi lançado um alerta para procurar as 132 pessoas que fizeram a mesma viagem
O presidente norte-americano prepara-se, aliás, para pedir fundos adicionais ao Congresso para o combate ao ébola. Os Estados Unidos têm de momento mil milhões de dólares disponíveis para esse combate.
A três semanas das eleições de 4 de Novembro nos Estados Unidos, em que os republicanos esperam retomar o controlo do Senado, a febre hemorrágica que já matou mais de 4500 pessoas em África tornou-se uma arma de arremesso eleitoral. “Temos um foco de ébola. Temos pessoas suspeitas que cruzam a fronteira. Temos de selar a fronteira e blindá-la”, afirmou num debate Thom Tillis, que procura ser eleito senador da Carolina do Norte pelos republicanos. Ted Cruz, a nova estrela do Tea Party e possível candidato republicano às eleições presidenciais de 2016 nos EUA, exigiu que a Agência Federal de Aviação impeça a entrada no país todos os voos provenientes dos países onde está em curso a epidemia.