Líder do PS-Porto já pensa nas autárquicas de 2017 e lança candidatos a Penafiel e Paredes
Reeleito há um mês e meio presidente da maior distrital socialista, José Luís Carneiro tenta condicionar concelhias ao anunciar duas candidaturas a três anos de distância.
Apoiantes de António José Seguro no recente combate das primárias, André Ferreira e Alexandre Almeida passam agora a integrar o novo secretariado distrital - o órgão de confiança do líder federativo -, e esse foi, de resto, o pretexto para Carneiro lançar os dois candidatos. Eleito vereador em Penafiel, André Ferreira entende que “qualquer pessoa que obteve um resultado idêntico àquele que obteve tem uma perspectiva forte de vencer”. “Esse capital político não deve ser desperdiçado e estou disponível para aquilo que o partido quiser”, sublinha.
Vários dos militantes e dirigentes com quem o PÚBLICO falou viram neste anúncio uma forma de o presidente da distrital “condicionar” a decisão dos órgãos concelhios, a quem compete indicar os candidatos. Tanto André Ferreira como Alexandre Almeida foram candidatos nas autárquicas de há um ano e perderam, embora tenham obtido resultados expressivos: na casa dos 40%.
“Lançar um debate agora sobre as autárquicas a três anos de distância é completamente precipitado e desajustado para além de demonstrar alguma desorientação”, afirma Nuno Araújo, membro da concelhia de Paredes, acrescentando que, “nesta altura, o PS deveria estar concentrado nas legislativas”. Criticando o “contexto desajustado” em que o tema foi lançado, Nuno Araújo considera que “mais importante do que procurar rostos e personalidades para encabeçar listas é encontrar um projecto político para o país e é nisso que estamos concentrados”.
Mas o presidente da concelhia do PS de Penafiel tratou de ajustar contas logo ali. Fernando Malheiro pediu a palavra para dizer que o órgão a que preside deixou bem clara a sua posição sobre o tema ao aprovar há dias, por unanimidade, uma proposta na qual os militantes consideram que “é muito cedo para discutir as autárquicas”.
Confrontado pelo PÚBLICO, José Luís Carneiro justificou a sua decisão afirmando: “Apesar de não termos ganho as autárquicas em Penafiel e em Paredes, dei um sinal para o Vale do Sousa e Baixo Tâmega no sentido de reforçar o seu peso nos órgãos do partido”.
Já Manuel Pizarro avisa que no “caso da concelhia do PS-Porto um debate sobre as próximas eleições autárquicas não está aberto". "Seja qual for a motivação, não há nenhuma razão para debater as próximas eleições autárquicas a três anos de distância isso só tem um efeito: perturbar a vida do PS em cada um dos municípios em causa”.
José Luís Carneiro voltou a surpreender a sala quando se referiu à política de alianças que o partido terá de fazer. “Trabalhámos para uma maioria absoluta nas legislativas, mas essa maioria pode não ocorrer e, nesse caso, uma das questões que se vai colocar é saber o modo como o PS vai estabelecer essa política de alianças que pode ser de incidência parlamentar ou de natureza governativa”.