Há até um rosto para ela – uma foto de Matt Cetti-Roberts, publicada numa reportagem sua sobre a guerra na Síria no site War Is Boring. Mas ali ele não a identifica – é apenas mais uma combatente, e não em Kobani, mas noutra cidade, Rabia. Cetti-Roberts publicou uma série de tweets em que diz não ter ficado com o nome da combatente, mas refere ter a certeza de que ela não era um “general peshmerga”, como tem sido dito.

“Ela era uma sniper, e não a quis incomodar. É muito pouco provável que uma atiradora furtiva que combatia no Iraque no fim de Setembro fosse de repente promovida a general e tenha ido para Kobani, na Síria, junto à fronteira com a Turquia, para liderar uma batalha.”
 
A divulgação da identidade de Nali Afrin - cujo verdadeiro nome seria Mayssa Abdo - foi feita por Rami Abdel Rahmane, directora da organização não governamental com sede em Londres Observatório Sírio dos Direitos do Homem, que costuma ser dada como mais ou menos fidedigna para reportar baixas no terreno, pois tem por base uma rede de activistas na Síria.

Mas a verdade é que começaram a surgir entrevistas que pretendem ser com Nali Afrin, líder dos combatentes peshmerga que resistem aos ataques dos jihadistas em Kobani, como esta, ou vídeos no Youtube de combates em Kobani, a que se juntam mensagens de Nali Afrin, dirigidas à NATO, ao Presidente americano, Barack Obama, e ao Presidente turco, Recep Erdogan, que não quer envolver a Turquia directamente na guerra, e dá Kobani por perdida. 

E, na verdade, a foto tirada por Cetti-Roberts não é a única a ser identificada como a de Nali Afrin. Essa é apenas a mais frequente: surgem muitas outras fotografias de combatentes peshmergas em uniforme que são identificadas como essa valorosa líder dos combatentes irregulares curdos, que alegadamente estará a liderar o combate em Kobani.

Neste momento, Nali Afrin parece ser mais uma imagem de propaganda, de motivação, do que outra coisa.