A biotecnologia tornou-a a mulher mais jovem a entrar na lista dos self-made multimilionários
Elizabeth Holmes criou uma empresa especializada em testes de laboratório que prometem revolucionar a forma como se realizam as análises clínicas.
Tudo começou em 2003 quando Elizabeth deixou a Universidade de Stanford para criar a sua própria empresa. Desafiou o seu professor de engenharia química, Channing Robertson, para se juntar ao seu projecto e depois de várias tentativas de investimento conseguiu um empréstimo que a fez avançar.
Robertson tinha inicialmente dificuldade em entender porque é que a jovem queria deixar os estudos e dedicar-se a uma empresa em nome próprio. “Porque sistemas como este podem revolucionar por completo como os cuidados médicos são praticados. E isto é o que quero fazer. Não quero fazer uma mudança incremental nalguma tecnologia. Quero criar uma tecnologia totalmente nova, e que se destine a ajudar a humanidade em todos os níveis, independentemente da geografia ou etnia, idade ou género”, foi esta a resposta que deixou o professor impressionado. “Apercebi-me que estava a olhar nos olhos de um Steve Jobs ou de um Bill Gates”, confessou em entrevista à revista Fortune.
A partir deste momento, a jovem tornou-se imparável. Em pouco tempo, sem a ajuda de heranças ou de divórcios multimilionários, criou a Theranos, em Palo Alto, Califórnia. Agora, com 30 anos, a mulher que se veste sempre de preto, dirige uma empresa com 500 funcionários, a companhia está avaliada em mais de 9000 milhões de dólares (7000 milhões de euros), e Elizabeth Holmes tem uma fortuna aproximada de 4500 milhões de dólares (3500 milhões de euros), metade do que vale a Theranos, da qual possui 50% das acções.
E como é que análises clínicas podem transformar uma mulher numa das pessoas mais ricas nos Estados Unidos? Simplicidade e tecnologia. Quando se faz uma análise ao sangue o procedimento é sempre o mesmo. Uma enorme agulha encaixada numa seringa e um técnico a puxar até encher um pequeno depósito. A experiência não é agradável para grande parte das pessoas e é aqui que entra a tecnologia com a assinatura de Elizabeth.
A empresária quis reduzir o tempo necessário para o processo ficar concluído, bem como facilitar a forma como é recolhida a amostra. Para realizar a recolha não é necessária uma autorização médica. Através de uma pequena picadela no dedo, poucas gotas de sangue entram para uma pequena pipeta, com 1,29 centímetros de comprimento.
Segundo a Theranos, com apenas umas gotas de urina, sangue ou outro fluído corporal, os laboratórios podem realizar até 30 análises diferentes sem ser necessário recolher mais amostras. E com rapidez também. A empresa garante resultados em cerca de quatro horas, o que “significa uma diagnóstico mais rápido para garantir um tratamento melhor e mais detalhado”.
O preço é outra das vantagens do sistema. Cada teste realizado pela Theranos custa aproximadamente menos 50% do que é pedido por outros laboratórios. Os preços praticados pela empresa, segundo o seu site, oscilam entre os dois e os 300 dólares, valor pedido para análises mais complexas.
Centros de recolha da Theranos estão a funcionar desde Setembro na cadeia de farmácias norte-americana Walgreens em Ohio, mas o objectivo de Elizabeth Holmes é que existam em todas as lojas da marca, cerca de 8200 no país. A Theranos está actualmente em negociações com três grupos hospitalares.
O crescimento da empresa é constante, segundo os principais analistas. Para mostrar a confiança que esta tecnologia vai mudar a biotecnologia estão os nomes que Elizabeth tem no seu conselho de administração e como investidores: os antigos secretários de Estado norte-americanos Henry A. Kissinger e George Shultz ou Larry Ellison, fundador da Oracle.
À revista Fortune, Kissinger descreve Elizabeth. "Não posso compará-la a outra pessoa, porque nunca vi ninguém com seus atributos especiais. Ela tem uma vontade de ferro, forte determinação. Mas nada de dramático. Não há qualquer encenação com ela. Nunca vi qualquer sinal de que os ganhos financeiros são do seu interesse. Ela é como um monge. Não é vistosa. Não entraria numa sala e ganharia as atenções. Mas ela iria consegui-lo se o tema de conversa fosse do seu interesse".