Dois reitores do Norte são favoritos à sucessão

Os dois mais fortes candidatos à liderança têm visões diferentes para o futuro do ensino superior.

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Tanto António Cunha como Manuel Assunção lideram universidades com uma forte ligação às empresas e à inovação Nuno Ferreira Santos

O financiamento é a questão central para o sector neste momento. Para Manuel Assunção, as universidades “têm que estar em todas as frentes” sejam a do Orçamento de Estado, captação de fundos estruturais e projectos de investigação para garantir as fontes de receita que permitam “manter a competitividade”, fixando os professores e investigadores dos seus quadros e atraindo “gente nova”.

Já António Cunha defende que o CRUP “deve encontrar modos de ter uma agenda que vá para além das questões orçamentais”, elencando a revisão do Estatuto da Carreira Docente Universitária e do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, bem como a internacionalização e interacção “mais efectiva” com a sociedade como áreas prioritárias.

Ao PÚBLICO, nenhum dos dois reitores assumiu uma candidatura ao CRUP. “Não tenho nada a dizer sobre esse assunto”, afirma Cunha. “A decisão está nas mãos dos reitores”, responde Assunção. Ambos sublinharam que não podia ser de outra forma, atendendo a que, na primeira volta da votação, todos os reitores são potencialmente elegíveis. Os reitores do Minho e Aveiro não recusam, porém, a disponibilidade de liderarem aquele órgão. E entre os colegas e outras fontes do sector contactadas, os dois nomes são apontados como as mais fortes possibilidades para a sucessão de António Rendas.

 António Cunha já tinha sido apontado como um nome possível para presidir ao CRUP há um ano e meio, quando Rendas chegou a admitir não se recandidatar, e tem sido um colaborador próximo do actual presidente – é o único membro da comissão permanente que se mantém em funções. O líder da Universidade do Minho é um dos reitores há mais tempo em funções – foi eleito em finais de 2009 e reeleito no ano passado. Tem 53 anos, nasceu em Braga, e foi o primeiro formado da instituição minhota (licenciou-se em Engenharia de Produção e doutorou-se em Engenharia de Polímeros) a chegar ao principal cargo da instituição.

Como investigador, trabalhou na área de processamento e comportamento de polímeros e compósitos e tem uma ligação forte ao tecido empresarial. É detentor de quatro patentes e foi administrador do Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros Centro de Excelência e Inovação da Indústria Automóvel. 

Manuel Assunção, 62 anos, lidera uma universidade que também tem uma forte ligação com as empresas e à inovação. O reitor da Universidade de Aveiro esteve associado à criação do acordo de cooperação entre a universidade e a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro e ao estabelecimento do Parque de Ciência e Inovação, por exemplo. No âmbito do CRUP, coordena os programas de intercâmbio com o Brasil, uma das pastas decisivas para a aposta do ensino superior na internacionalização.

Nascido em Sousel, no Alentejo, há muito que se instalou em Aveiro. É reitor desde Fevereiro de 2010 (foi reeleito em Abril) e tinha feito parte das equipas reitorais anteriores. Licenciado em Física pela Universidade de Lisboa, tem a sua carreira de investigação ligada aos Semicondutores em camadas optoeletrónicas e sistemas desordenados. Foi também presidente da European University Continuing Education Network, uma organização com cerca de 200 instituições do ensino superior, sediada na Bélgica, durante seis anos.

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