Em Frankfurt começou a corrida aos livros de Modiano

Na Feira de Frankfurt, o expositor mais concorrido nesta quinta-feira é o da editora do último Nobel da Literatura.

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O editor alemão de Modiano cercado pelos jornalistas
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Começa a corrida para a compra do seu último livro Pour que tu ne te perdes pas dans le quartier

Anne-Solange Noble, a directora da Éditions Gallimard para os direitos estrangeiros, não sabia para que lado se havia de virar. Estava a ir para um almoço com um editor indiano quando recebeu o telefonema com a novidade: Patrick Modiano, um dos autores que a sua editora representa, acabara de ganhar o Nobel. Por isso, o almoço com o editor indiano acabou por ser cancelado e a directora foi para o stand da Gallimard para festejar com os colegas. Rapidamente começaram a aparecer jornalistas e Anne-Solange teve de dar entrevistas, frisando sempre que não é a editora de Modiano. No entanto, coube-lhe a ela estar na feira e ser a porta-voz da editora francesa, já que é ela que vende os direitos das suas obras. O editor de Patrick Modiano é Antoine Gallimard, o director da Gallimard.

Quando lhe perguntamos se já falou com o agora Nobel é um pouco ríspida, mas é da atrapalhação de toda esta situação - “como poderia já ter falado, acabou de acontecer, ainda não”. Quando os jornalistas tentam saber mais sobre este novo livro, responde: “Não me obriguem a ser crítica literária. Leiam o livro, está aí, acabou de sair”. 

Não é a primeira vez que, na sua carreira, Anne-Solange Noble vê um dos autores do seu grupo editorial receber um Nobel, a única diferença é que, quando o prémio foi atribuído a Le Clézio, não estava a acontecer a Feira do Livro de Frankfurt. Nesse ano a feira aconteceu mais tarde e, quando vieram, já traziam um grande cartaz com a cara do Nobel.

E o que representa Patrick Modiano para a Gallimard? “Ele é um autor emblemático”, diz Anne-Solange Nobel. “Não é o único, mas é um dos autores que nos são fiéis desde o seu primeiro livro que publicou em 1968 e desde o início que os editores estrangeiros se interessaram pela sua obra. As suas primeiras traduções são dessa altura, por isso os editores estrangeiros não o descobriram recentemente”, afirma a directora. Neste momento o escritor está traduzido em 36 línguas.

Embora tenha medo de dizer banalidades, diz, para quem nunca leu o autor, que Modiano escreve romances “com uma atmosfera incrível": "Essa atmosfera modianesca passa de um livro para o outro como se a vida fosse feita de múltiplas facetas, e a pudéssemos olhar através de várias facetas. As diferenças entre umas e outras são subtis. Há personagens que não sabemos muito bem de onde vêm e no fim do livro não sabemos muito bem para onde vão. Entre as duas coisas muitas vezes não sabemos bem o que se passou e, no entanto, somos completamente agarrados por aquele registo.”

Quando Anne-Solange Noble chegou ao espaço da Gallimard depois de saber da notícia, nem só jornalistas a esperavam. Os editores italianos, espanhóis e até a portuguesa Cecília Andrade, a actual editora da Dom Quixote, onde em tempos foram publicadas obras do autor, já lá estavam. Agora começa a corrida para a compra do seu último livro Pour que tu ne te perdes pas dans le quartier. E claro que Anne-Solange Nobel vai estar muito mais atenta aos pedidos dos editores que anteriormente já compraram obras do agora Prémio Nobel da Literatura do que para aqueles que só agora o descobriram.

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