Dois olhares, dois alemães e uma questão urgente

Este ponto controverso é tratado segundo duas perspectivas dificilmente conciliáveis. Um grupo olha a matéria pelo lado da lei moral que prescreve a indissolubilidade do matrimónio e nega qualquer possibilidade de admissão dessas pessoas à comunhão. Outro grupo vê o assunto pelo lado de quem sofre a situação e pensa que é devida, por justiça, uma solução. Para uns, a fidelidade a Deus passa pelo respeito integral da norma. Para outros, parece preferível ver Deus pelo lado da solicitude, da compaixão com quem fracassou. Os primeiros vêm a perfeição num passado irrevogável. Os segundos preferem ver a imperfeição humana da vida presente, em caminho esforçado para a plenitude futura. O Cardeal Kasper advoga este segundo ponto de vista. O Cardeal Müller encabeça os defensores da primeira hipótese.

Esta reunião não tem na agenda uma eventual inovação normativa. Essa é esperada mais para diante. O ambiente de descompressão da moral devido à eleição do Papa Francisco augura essa desejada inovação. Repare-se que não está em causa uma diminuição da exigência da moral de Jesus, mas a concentração da Igreja numa praxis terapêutica que leve todos os falíveis matrimónios existentes a serem indissolúveis, por graça e não só pela força da lei.

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