Milhares de pessoas continuam no centro de Hong Kong após noite tensa

Autoridades dizem ter retirado polícia antimotim. Antes, o nível de violência tinha subido, com cargas policiais e gás lacrimogéneo, mas os manifestantes mantinham-se na rua.

Manifestantes protegem-se contra o gás lacrimogéneo disparado pela polícia em Hong Kong
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Manifestantes protegem-se contra o gás lacrimogéneo disparado pela polícia em Hong Kong Tyrone Siu/Reuters
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Após a violência, a situação acalmou e os manifestantes mantinham-se na rua Dale de la Rey/AFP
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Manifestantes ergueram barricadas contra a polícia Xaume Olleros/AFP
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Muitos manifestantes dormiam em grandes avenidas que continavam bloqueadas esta segunda-feira Alex Ogle/AFP
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Milhares de pessoas mantinham-se nas ruas a protestar Dale de la Rey/AFP
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Óculos de natação ou plástico à volta dos óculos têm sido usados pelos manifestantes para resistir aos efeitos do gás lacrimogéneo Carlos Barria/Reuters

O anúncio das autoridades seguiu-se a horas de especial violência, com a polícia a avançar com bastões sobre os manifestantes, que tinham erguido barricadas. As agências noticiosas descrevem um ambiente de caos apenas horas antes do início do dia no centro financeiro da cidade.

Muitas avenidas mantinham-se bloqueadas pelos manifestantes. Apesar da repetição das autoridades que consideram o protesto ilegal e das cargas policiais e do gás, milhares de manifestantes mantinham-se na rua, onde muitos têm dormido. Largas avenidas continuavam intransitáveis com milhares de manifestantes a bloqueá-las, com muitos a passar a noite a dormir no asfalto.

“Se não me manifestar hoje, vou odiar-me no futuro”, dizia à Reuters o taxista Edward Yeung, 55 anos, em frente à polícia. “Mesmo se ficar com registo criminal, será um registo glorioso.”

Os manifestantes queixam-se da decisão das autoridades chinesas de seleccionar três candidatos para as próximas eleições para governador da região, em 2017, e ficaram ainda mais mobilizados pelo uso pela polícia de gás lacrimogéneo contra os manifestantes (a última vez que esta medida tinha sido usada foi em 2005) e pela detenção de estudantes na sexta-feira e sábado.

“Vim depois de ver a polícia a atacar os estudantes na noite passada”, disse Agnes Yip, funcionária de vendas na casa dos 20 anos, que como muitos outros passou a noite no local, ao New York Times. “Não vamos sair até que tenhamos um diálogo entre o governo e o povo. Ficaremos todo o dia de hoje, e depois amanhã.”

“Nunca vimos nada assim, nunca imaginámos”, disse Kevin Chan, 48 anos, gerente de uma fábrica, que se tinha juntado aos protestos. “O Governo tem de acordar e perceber que este é o povo de Hong Kong. Não são os seus inimigos. São o povo.”

A violência terá deixado cerca de 40 feridos, diz a emissora norte-americana CNN citando serviços de saúde de Hong Kong. A polícia diz ter detido 78 pessoas com idades entre os 16 e os 58 anos.

As autoridades pedem o fim dos protestos. Alguns organizadores, activistas pró-democracia e líderes estudantis apelam à retirada dos manifestantes, temendo que a polícia dispare balas de borracha contra os manifestantes. Benny Tai, um dos organizadores do Occupy, disse que estava orgulhoso pela coragem e determinação das pessoas para lutar por democracia genuína. Mas acrescentou que a situação estava a ficar descontrolada e temia enfrentar um castigo pesado por iniciar este movimento.

Apesar do anúncio das autoridades terem retirado a polícia antimotim das ruas, esta força ainda era visível em vários locais, segundo o diário norte-americano New York Times. As autoridades justificaram a medida dizendo que os protestos se tinham tornado entretanto pacíficos.

A região administrativa especial de Hong Kong, onde vivem sete milhões de pessoas, está sob controlo da China desde 1997. Pequim prometeu então sufrágio directo e universal. Mas este Verão anunciou que seleccionará os três candidatos que vão concorrer às eleições, algo que os manifestantes não aceitam.

Os organizadores do protesto “Occupy Central” prometiam para esta quarta-feira a maior manifestação de sempre no local.

Até agora a China tem dito que confia nas autoridades de Hong Kong para lidarem com o protesto, mas a situação é desconfortável para os líderes de Pequim, que temem que estas acções possam inspirar protestos alargados no país.

O popular programa de partilha de fotos Instagram parecia entretanto estar bloqueado, depois de terem sido partilhadas fotos dos confrontos. Sites como o Twitter e o YouTube não estão acessíveis na China, e o Governo bloqueia regularmente algumas tags (etiquetas) no site de microblogging chinês Weibo – actualmente baniu a palavra-chave Occupy.

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