Seguro quer explicações de Passos, Costa prefere esclarecimento da PGR
Candidatos às primárias do PS escusam-se a falar sobre eventual demissão do primeiro-ministro como consequência da polémica sobre os seus rendimentos.
Em entrevista à Antena 1, os dois candidatos às primárias do PS que se realizam no próximo domingo divergem sobre quem tem obrigação, neste momento, de vir a público clarificar a situação do chefe do Governo. Porque “o que não deve é continuar a pairar uma dúvida”, realça António Costa. E escusam-se a fazer comentários sobre eventuais consequências políticas.
“Nós não podemos ter em Portugal um primeiro-ministro sob suspeita. Não podemos ter. E portanto o esclarecimento é devido e eu considero que aquele que tem obrigação de prestar esse esclarecimento é o próprio primeiro-ministro”, afirmou António José Seguro. Já António Costa diz aguardar, “simplesmente” que a PGR “faça o que lhe compete – que é esclarecer esta matéria, agindo se houver algum ilícito para agir, mas também repondo o bom nome do primeiro-ministro e a tranquilidade no conjunto da sociedade se nada houver de ilícito”.
Como se trata do chefe do Governo “obviamente este caso tem que ser tratado com toda a prioridade”, defende Costa. Até porque “é o bom nome do primeiro-ministro que está em causa, é a garantia da legalidade que está em causa, e portanto deve ser esclarecido o mais breve possível”.
Questionado sobre se receia consequências no calendário eleitoral, o líder do PS foge à pergunta. “A lei é igual para todos: para políticos e para os cidadãos e o primeiro-ministro deve ser o primeiro, conjuntamente com o Presidente da República, a dar o exemplo no cumprimento da lei”, respondeu Seguro.
Mas acrescentou: “Se o primeiro-ministro violou a lei, então tem que assumir essas responsabilidades. Acha possível um primeiro-ministro violar a lei fiscal, isto é, não declarar todos os rendimentos que recebeu, no caso de isso acontecer? Eu acho que é necessário um esclarecimento. Primeiro, o esclarecimento.”
António Costa também prefere colocar-se à margem de futurologias, pelo menos enquanto os tais esclarecimentos oficiais não chegarem. “Eu não vou pôr-me aqui a palpitar sobre um assunto [consequências numa saída mais cedo do Governo] do qual não tenho nenhuma informação especial a não ser aquela que toda a gente sabe pela comunicação social e sem que as entidades que podem esclarecer dêem um esclarecimento cabal”.