Salmond anuncia demissão após falhar conquista da independência para a Escócia
Líder nacionalista diz que há “quem esteja em melhores condições” para aproveitar as oportunidades criadas após o referendo de quinta-feira.
A decisão – efectiva a partir de Novembro – foi anunciada em conferência de imprensa, a segunda intervenção do dia, durante a qual assegurou que “há um número de candidatos muito qualificados e habilitados” a assumir as rédeas do governo autónomo. A candidata mais provável é a actual vice-primeira-ministra, Nicola Sturgeon, considerada a política mais popular da Escócia.
Afirmando-se “imensamente orgulhoso da campanha” que liderou, Salmond disse que sai de cena depois de ter concluído que há no Partido Nacional Escocês (SNP) “quem esteja em melhores condições” para aproveitar as oportunidades criadas por este referendo.
Salmond, que fora líder do SNP na década de 1990, regressou ao cargo em 2004 e três anos depois conduziu pela primeira vez o partido ao poder em Edimburgo. Quatro anos depois garantiu uma impensável maioria absoluta, o que forçou Londres a aceitar a realização do referendo que ele prometera aos eleitores.
"Aceito o veredicto"
"É importante dizer que o nosso referendo foi um processo consentido e acordado e que a Escócia decidiu por maioria não se tornar, nesta fase, num país independente", disse Salmond na primeira intervenção que fez bem cedo na manhã desta sexta-feira, ainda na qualidade de primeiro-minstro escocês. "Aceito o veredicto do povo e apelo a todos na Escócia a fazerem o mesmo e a aceitarem o veredicto democrático do povo da Escócia."
O líder da campanha pelo “sim” agradeceu às pessoas que o acompanharam no sentido de voto e sublinhou que ter "1,6 milhões de pessoas" (1.617.989, segundo os números oficiais) a pedir a saída do Reino Unido "é uma votação substancial pela independência da Escócia".
"Uma afluência de 86% é uma das mais elevadas de sempre no mundo democrático em qualquer eleição ou referendo. Foi um triunfo para o processo democrático e para a participação na política", frisou Salmond.
"Os partidos unionistas prometeram devolver mais poderes à Escócia, nos derradeiros momentos da campanha. A Escócia espera que essas promessas sejam honradas rapidamente", declarou o ainda primeiro-ministro escocês.
Os resultados do referendo revelaram que o "não" recolheu 55,3% dos votos e o "sim" 44,7%, depois de várias sondagens terem apontado para um empate técnico. Traduzido em número de eleitores, dois milhões de escoceses deixaram bem claro que preferem continuar a fazer parte do Reino Unido, mais 400 mil do que os defensores da independência.
O "sim" até ganhou com votações expressivas em grandes regiões como Glasgow e Dundee, mas na grande maioria do território os escoceses votaram preferencialmente a favor da manutenção no Reino Unido.