A noite de Brahimi no recorde portista na fase de grupos
Franco-argelino fez hat-trick contra o BATE Borisov e contribuiu decisivamente para a vitória mais folgada de sempre do FC Porto na fase regular da Liga dos Campeões
Depois de na época passada ter sido travado na Liga dos Campeões pelo registo em casa, onde não conseguiu vencer, o FC Porto assegurou nesta quarta-feira, Estádio do Dragão, o seu maior triunfo de sempre na fase de grupos da prova (6-0). O franco-argelino marcou metade dos golos – todos de belo efeito – e tornou-se o sexto jogador dos “dragões” a fazer um hat-trick na prova.
A formação de Julen Lopetegui, com uma exibição de gala, entrou com o pé direito na fase de grupos e no jogo. Brahimi marcou, logo aos 5’, o golo mais madrugador de sempre da equipa no Dragão nesta competição, graças à sua qualidade e à falta dela na reposição de bola do guarda-redes do BATE, Sergei Chernik. O reforço portista marcou ainda, numa jogada individual e num livre directo, o segundo e o quarto. Jackson Martínez voltou a facturar e o espanhol Adrián López e o camaronês Vincent Aboubakar estrearam-se a marcar pela equipa.
De uma só vez, os “dragões” fizeram mais dois golos do que no total dos seis jogos realizados na época anterior na competição. O adversário revelou muita fragilidade, mas o FC Porto fez quase tudo bem, teve eficácia a corresponder – na primeira parte, fez três golos em seis remates – e até poderia ter conseguido um resultado mais dilatado.
A conjugação destes factores – a inspiração de Brahimi talvez seja o de maior responsabilidade – valeu aos “azuis e brancos” a sua quarta maior goleada de sempre na Liga dos Campeões/Taça dos Campeões Europeus e iguala a sua quinta maior goleada europeia. E, na fase de grupos da prova, ultrapassou os 5-0 obtidos sobre o Werder Bremen, na Alemanha, em 1993-94.
Ricardo Quaresma e Adrián López foram titulares, com a novidade do espanhol surgir atrás do ponta-de-lança. Mas o primeiro golo não se deveu a nenhuma novidade. O erro foi de Chernik, que, com as mãos, colocou a bola directamente em Brahimi e este, depois de superar um adversário, não falhou. Mikhail Gordeychuk, na grande oportunidade dos visitantes e no único remate que fizeram até ao intervalo, teve oportunidade de empatar pouco depois, mas Fabiano resolveu. A partir de então, esteve perto de dobrar a vantagem. Jackson atirou ao poste (13’) e o remate de Maicon (27’) foi defendido pelo guarda-redes.
Num contra-ataque, Brahimi, que jogou no lado esquerdo do ataque, encarou os adversários numa combinação de técnica e aceleração e a bola só parou dentro da baliza do BATE Borisov (32’). Cinco minutos depois, Jackson fez o 3-0, após centro de Danilo. Foi a oitava ocasião que o FC Porto marcou pelo menos três golos até ao intervalo nas provas europeias, a primeira vez na fase de grupos da Liga dos Campeões e a primeira vez desde Julho de 2001 (contra os galeses do Barry Town).
Por esta altura já se percebia que o BATE Borisov, vencedor de dez dos 23 campeonatos que houve na Bielorrússia desde a extinção da União Soviética, incluindo os últimos oito, seria incapaz de cometer qualquer tipo de surpresa, como conseguiu há dois anos, quando ganhou ao Lille e ao Bayern Munique, uma das três derrotas do gigante alemão nessa temporada perfeita em que acabou campeão europeu.
Na segunda metade, Jackson voltou a acertar nos ferros (51’) e Brahimi a marcar. Chegou ao seu terceiro golo num livre directo (57’) semelhante ao obtido contra o Lille e, juntou-se na lista dois hat-tricks na Liga dos Campeões, ao compatriota Madjer, outro jogador que entusiasmou os adeptos, e ainda a Juary, Gomes, Deco e Pena.
No minuto seguinte, antes de sair para os aplausos de pé dos adeptos, o médio-ofensivo esteve perto do 5-0, mas o próximo a fazer funcionar o marcador foi Adrián, após um pontapé de canto (61’). O resultado do 200.º jogo dos portistas na Liga dos Campeões (88 vitórias, 47 empates e 65 derrotas) foi encerrado num lance entre suplentes: Tello assistiu, Aboubakar marcou (76’).
O 201.º, contra o Shakhtar Donetsk, na Ucrânia, terá maior grau de dificuldade. Antes, o FC Porto terá dois compromissos com história no campeonato: primeiro o Boavista em casa, depois o Sporting em Alvalade.