EUA alargam ofensiva e atacam posições do Estado Islâmico perto de Bagdad
O chefe de Estado das Forças Armadas dos EUA admitiu pela primeira vez que conselheiros militares americanos poderão assumir papéis “na frente de combate".
As bombas dos Estados Unidos caíram em Sadr al-Yusufiya, a 25 quilómetros da capital, e também junto da cidade de Sinjar, no Noroeste do país, destruindo seis viaturas de uma coluna automóvel dos islamistas. A missão foi concertada com o Exército do Iraque. Enquanto isso, as forças peshmerga do Curdistão iniciaram uma nova ofensiva contra o EI a partir da cidade de Mossul: com o apoio dos aviões norte-americanos, os soldados curdos investiram em direcção à região de planalto para Leste da cidade, e também no sentido oposto, rumo à localidade de Zumar.
Segundo explicou o Comando Central do Exército dos Estados Unidos, as duas missões, realizadas na noite de domingo e nesta segunda-feira e requeridas pelo Governo de Bagdad, foram “as primeiras no âmbito da expansão dos esforços [militares] para além da protecção dos pontos de interesse norte-americanos e o apoio humanitário”. O que quer dizer que os bombardeamentos tinham como único objectivo a destruição de alvos militantes e erradicação de uma “ameaça imediata” para forças e populações iraquianas.
Em Washington, o chefe de Estado das Forças Armadas, general Martin Dempsey, admitiu pela primeira vez que os conselheiros militares americanos que foram destacados para o Iraque poderão assumir papéis “na frente de combate”, apesar de Barack Obama ter garantido que a intervenção do seu país em caso algum implicaria “botas no terreno”. “O Presidente pediu para ser informado das necessidades caso a caso”, disse Dempsey.
Resta saber qual vai ser a resposta do Estado Islâmico à nova estratégia anunciada pelo Presidente dos Estados Unidos. A intensificação das manobras internacionais contra os jihadistas já levou a Al-Qaeda a fazer um apelo à união das diferentes facções no Iraque e na Síria, em resposta à aliança internacional “Parem a luta entre vocês e unam fileiras contra a campanha americana e a sua aliança satânica que se prepara para nos destruir a todos”, alertaram num comunicado conjunto a Al-Qaeda na Península Árabe e a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico, duas “filiais” da organização terrorista fundada por Osama Bin Laden.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma organização sedeada em Londres que acompanha a guerra civil na Síria desde o início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad, reportou a queda de um jacto do Exército nacional em Raqqa, a cidade banhada pelo rio Eufrates que se tornou a capital ad-hoc do Estado Islâmico. Pelo menos oito pessoas morreram no incidente.
O observatório teve o cuidado de não associar a queda do avião a um ataque directo dos militantes sunitas: as informações disponíveis no local não permitiam aferir se a aeronave tinha sido atingida por fogo de artilharia, um míssil terra-ar ou se simplesmente tinha experimentado problemas técnicos que conduziram ao acidente. Mas a presença de jactos do Exército sírio sobre Raqqa, depois de quase um ano sem ataques, é um desenvolvimento significativo, considerou aquela organização.
A iminência de bombardeamentos – ou do Exército sírio, ou da Força Aérea norte-americana, que segundo Barack Obama poderá atacar alvos do EI fora do Iraque – levou a um novo êxodo dos habitantes da região. “As pessoas começaram a sair na semana passada”, disse um dos activistas do Observatório Sírio.
Entretanto, o parlamento iraquiano rejeitou formalmente os nomes indicados pelo primeiro-ministro Haider al-Abadi para ocupar as pastas da Defesa e do Interior que estavam por preencher no seu Governo. Segundo a Reuters, um novo voto foi marcado para quinta-feira.