APEL disponível para voltar à Feira do Livro do Porto se a Câmara assim o quiser
“Gostaríamos de voltar, faz todo o sentido”, diz João Alvim, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.
“A Câmara do Porto quer fazer uma coisa diferente da feira tradicional da APEL”, diz João Alvim, à margem da apresentação do estudo Comércio Livreiro em Portugal, feito em parceria com o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa e que analisou em detalhe a evolução do mercado livreiro nos últimos anos. “A Feira do Livro de Lisboa tem como objectivo expor os seus autores, já a Feira do Porto tem muito mais características de um evento cultural”, continua o presidente da APEL, referindo-se aos principais motivos de discórdia que afastaram a sua associação da organização do evento literário do Porto.
Ao assumir a autarquia do Porto, Rui Moreira anunciou a vontade de fazer regressar à cidade a Feira do Livro mas as negociações com a APEL, que até ali organizava a feira, caíram por terra no início deste ano. Houve uma quebra nas negociações mas o presidente da Câmara manteve mesmo assim a vontade em organizar o evento. É a primeira vez, aliás, que a Câmara do Porto organiza em exclusivo, com o apoio da empresa municipal Porto Lazer, esta feira, decidindo transformá-la de facto num “evento literário” e mudando-a de local – acontece no Palácio de Cristal – e com uma nova data: inaugurou a 5 de Setembro e mantém-se até ao próximo dia 21.
“Nós não nos propomos a organizar um evento multicultural, é outra organização. Na nossa Feira, o livro e o autor são verdadeiramente as estrelas”, explica João Alvim, destacando que 95% dos eventos que acontecem em torno da Feira do Livro de Lisboa são organizados exclusivamente pelas editoras. E não era isto que estava a ser negociado com a Câmara do Porto, que apresenta, segundo o presidente, “uma feira de carácter cultural na qual o livro está presente”.
No entanto, João Alvim diz estar atento e valorizar que eventos assim aconteçam no país. Segundo números divulgados nesta segunda-feira pela Câmara do Porto, já150 mil pessoas visitaram o evento. O presidente da APEL diz estar disponível para retomar o diálogo com Rui Moreira “no dia em que a Câmara assim o quiser”. “Gostaríamos de voltar, faz todo o sentido”, acrescenta ainda, notando que para “organizar feiras é preciso que a APEL tenha meios”. Uma das críticas feitas à APEL para a organização da Feira do Porto foi o preço elevado cobrado para a inscrição no evento. E sobre isso, João Alvim afirma que “houve uma interpretação errónea por parte da Câmara”. “A APEL é uma associação sem fins lucrativos, não quer ganhar dinheiro com isto.”