Seguro aconselha Lagarde a "passar das palavras aos actos"

Líder do PS aconselhou directora do FMI a pressionar a chanceler alemã para fazer mais no apoio aos países mais afectados pela crise

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António José Seguro esta segunda-feira à noite numa sessão de apoio a Eduardo Vítor Rodrigues Fernando Veludo/NFACTOS

Confrontado pelos jornalistas, numa visita à Feira de Ano, com as declarações da directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que apontou Espanha como o único país da zona euro a progredir, o líder socialista enfatizou que o "inferno está cheio de belas palavras e é preciso passar das palavras aos actos". "Não esqueço, que há mais de três anos disse a Christine Lagarde e ao FMI que a política de austeridade do custe o que custar conduziria ao empobrecimento do país e não resolve nenhum, mas nenhum problema", sublinhou o dirigente do PS.

Para António José Seguro, "é por essa política [austeridade] que o nosso país tem hoje mais desempregados e tem hoje mais dívida pública e não encontra nenhuma solução". "O caminho é errado e o empobrecimento não conduz à resolução de nenhum problema", frisou, salientando que Portugal precisa de ter "rigor nas contas e a economia a crescer para conseguir pagar a dívida pública, equilibrar as contas, criar emprego e garantir que há dinheiro para uma escola pública, um bom Serviço Nacional de Saúde e boa protecção social".

No campo da recuperação económica na Europa, a directora do FMI considerou que a Alemanha pode fazer mais, com aumentos salariais e maiores investimentos em infra-estruturas que estimulem a procura e favoreçam a recuperação no país e no conjunto da zona euro. Uma declaração que motivou o líder do PS a aconselhar Christine Lagarde a dizer à chanceler alemã Angela Merkel, porque "os portugueses e outros povos europeus passam por pesados sacrifícios enquanto outros países beneficiam do sofrimento do povo português".

"O que é necessário não são belas palavras de arrependimento, é passar das palavras aos actos. É preciso que a Europa faça a sua parte, que o Banco Central Europeu possa combater a especulação financeira dos mercados e possa emprestar dinheiro directamente aos Estados, e é necessário mutualizar parte da dívida dos países europeus de modo a que paguemos menos juros", sublinhou.

O secretário-geral do PS e candidato às eleições primárias do partido de 28 de setembro considerou ainda a aparente contradição da ministra das Finanças e do vice-primeiro ministro sobre a necessidade de moderar os impostos no próximo ano, como a "tradicional forma de enganar os portugueses".

Depois de ter sido recebido esta manhã na Câmara de Montemor-o-Velho, António José Seguro visitou a Feira de Ano, acompanhado do autarca socialista Emílio Torrão, seu apoiante nas eleições internas, tendo recebido muitos incentivos para o sufrágio que vai disputar com o opositor António Costa a 28 de Setembro.