Seguro diz ter mais votos do que Costa nas eleições federativas

Apoiante do secretário-geral faz uma extrapolação dos resultados das eleições para líderes das federações e delegados aos congressos e conclui que, no seu conjunto, o PS atribuiu mais 700 votos à candidatura de Seguro. O líder do PS fala de uma vantagem de 1200 votos e lamenta a divisão do partido.

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Mas como estas eleições serviram também para escolher os delegados aos congressos federativos há quem faça extrapolações “numa tentativa de mascarar resultados”, como afirmava fonte do PS. Mas, segundo a mesma fonte, este é um exercício que não se pode fazer, porque uma coisa é a eleição dos presidentes das comissões políticas distritais, outra  é a eleição dos delegados. E porquê? Porque cada federação tem o seu próprio regulamento e nele estão definidos os rácios número de militantes/número de delegados.

De acordo com várias fontes contactas pelo PÚBLICO, há federações em que por cada 50 votos se elege um delegado. Noutras, em que só com 100 votos a eleição se torna possível. Por fim, há ainda casos em que apenas 10 votos são suficientes para permitir a eleição de um delegado.

“Não é possível uma medição de quantos delegados aos 19 congressos federativos foram eleitos pelas diferentes listas que apoiam Seguro ou Costa em virtude da norma constante no regulamento relativa ao rácio número de militantes/número de delegados ser distinta entre as várias federações”, explicou outra fonte.

O PÚBLICO tentou obter este domingo junto da direcção do PS os dados oficiais relativos ao número de votantes por federação e ao número de delegados eleitos aos congressos federativos, mas até à hora do fecho desta edição ninguém se mostrou disponível para dar essa informação.

No rescaldo das eleições, Eurico Brilhante Dias, da direcção de Seguro, veio este domingo afirmar que “a candidatura do secretário-geral teve mais votos do que a de António Costa”.

“Temos neste momento presidentes eleitos, delegados aos congressos das federações também eleitos e temos um partido que atribuiu no seu conjunto mais votos àqueles que eram candidatos próximos do dr. António José Seguro, por uma diferença de 700 votos”, declarou à Lusa Brilhante Dias, observando que “a candidatura de Seguro leva um avanço em termos de apoiantes de 51,2% contra 48,8% de António Costa”. Apoiante do secretário-geral, o dirigente revelou ainda que “o conjunto de votos dos candidatos mais próximos de Seguro supera em 15.500 votos e contou com mais sufrágios do que os candidatos próximos de Costa”.

Já António José Seguro, que este domingo esteve em Penamacor, reagiu aos resultados eleitorais afirmando que os seus apoiantes “ganharam com uma diferença de mais 1200 votos”. “Mas como líder do PS aquilo que mais me preocupa é esta divisão profunda que existe no PS, e esta divisão, esta crise é causada por um motivo: pela ambição pessoal do António Costa”.

.Mas Ana Catarina Mendes, directora de campanha de António Costa, tem outra leitura. “Nas 10 federações onde houve realmente disputa que se possa de alguma maneira querer extrapolar para as primárias de 28 de Setembro, então aí, os números são muito evidentes: os presidentes eleitos em seis destas 10 federações apoiam António Costa e somam 11.762 votos (56,1%) e em quatro ganham presidentes apoiantes de António José Seguro com 9.202 votos (43%)", afirmou a recém-eleita presidente da distrital e Setúbal.

Encerradas as directas, os dois candidatos arrancaram para o terreno em campanha das primárias. Costa esteve em Matosinhos, num almoço com centenas de militantes. Seguro preferiu jogar em casa, escolhendo Penamacor, a sua terra natal, para uma sessão de esclarecimento.

Em Matosinhos, o presidente da Câmara de Lisboa prometeu unir o partido e mostrou disponibilidade para trabalhar com todos. “Gostarei e terei um enorme gosto em trabalhar, porque, seja como militante, seja como líder do PS, trabalharei com todos os dirigentes federativos sem excepção de forma igual, respeitando o sentido do voto dos militantes do PS”, declarou. A sala respondeu com um grande aplauso.

"Há uma missão para nós e uma missão que o PS é chamado a desempenhar. O PS tem que ter capacidade para o poder fazer e só o conseguirá fazer se partir para este processo, para a construção desta alternativa, com a ambição de ser alternativa, de ser a solução do Governo e não se limitar a querer ser o parceiro de coligação do PSD ou do CDS, porque ninguém fará a diferença governando com quem tem feito a política que tem sido feita pelo actual Governo", advogou.

A partir de agora, as duas facções vão estar concentradas nas eleições primárias. No teste das directas foram os militantes a decidir. No dia 28 de Setembro podem ser os simpatizantes a ditar quem vai ser o candidato socialista a primeiro-ministro nas legislativas de 2015.

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