Londres vai armar forças curdas que lutam contra Estado Islâmico

Rasmussen diz que NATO está disponível para ponderar pedido de ajuda do Iraque

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A cimeira da NATO começa nesta quinta-feira em Newport, no País de Gales Leon Neal/Reuters

A ameaça jihadista paira sobre a reunião dos 28 Estados-membros da Aliança, mesmo sem fazer parte da agenda oficial. Diplomatas adiantaram que o assunto seria debatido no jantar de trabalho desta quinta-feira e de novo na sessão de sexta-feira, numa altura em que a diplomacia de Washington, com o Presidente Barack Obama à cabeça, se mobiliza para reunir apoios a uma operação mais vasta contra o grupo radical que, depois de ganhar força na guerra da Síria se expandiu para o Oeste e Norte do Iraque.

Logo à chegada, o secretário-geral da NATO, esclareceu que a aliança não recebeu “qualquer pedido” de ajuda das autoridades iraquianas para confrontar a ameaça jihadista, mas mostrou-se convicto de que, caso isso aconteça, “os aliados vão ponderá-lo seriamente”. “A comunidade internacional como um todo tem a obrigação de impedir o EI de continuar a avançar”, afirmou Anders Fogh Rasmussen.

O responsável recordou que, apesar de não ter alinhado com os Estados Unidos quando a Administração de George W. Bush invadiu o Iraque, em 2003, a NATO acabou por liderar no Iraque uma missão de treino militar no país. Diplomatas ouvidos pela Reuters adiantam que os aliados poderão reactivar a missão, terminada em 2011, caso o novo Governo iraquiano solicite esse apoio.

O Reino Unido, directamente visado pelos jihadistas quando, no vídeo em que mostraram a execução do jornalista americano Steven Sotloff ameaçaram matar um refém britânico, está um passo à frente. Questionado no início da cimeira sobre a possibilidade de participar nas operações militares contra o EI, o primeiro-ministro David Cameron disse à BBC que “não excluiu nenhuma opção” e admitiu que Londres está “activamente a ponderar” a entrega de armas aos curdos.

Até agora, Londres tem apenas transportado material militar de países do Leste da Europa para o Curdistão iraquiano – os peshmergas têm sobretudo armas de fabrico soviético – e efectuado missões aéreas de vigilância e largada de ajuda humanitária. O jornal Guardian adianta que o envio de armas já foi decidido e que o Ministério da Defesa enviou a Erbil um representante para coordenar os contactos. O Governo britânico admite também treinar alguns batalhões de peshmergas.

Antes da cimeira, Cameron co-assinou com o Presidente norte-americano, Barack Obama, um artigo no jornal Times em que defendia que a NATO não podia assumir uma atitude isolacionista, argumentando que “os desenvolvimentos noutras partes do mundo, particularmente no Iraque e na Síria, ameaçam a segurança interna” dos aliados. Mas se não exclui juntar forças com a aviação americana para atacar o EI, o líder britânico deu a entender que não o fará antes de obter uma clarificação da situação no terreno. Por um lado, afirmou, é necessário que se ultime a formação do novo governo iraquiano e que ele represente “efectivamente todo o país”. Por outro, que a região assuma um papel activo no combate aos jihadistas para que esta não seja vista como “uma intervenção ocidental que passe por cima dos países vizinhos”.

“As discussões na NATO já não são sobre se o Reino Unido e outros países vão apoiar os ataques aéreos, mas quando o vão fazer”, resumiu o editor adjunto de política da BBC, Norman Smith.

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