Sondagem encurta distância que separa a Escócia da independência
Inquérito do YouGOv, no rescaldo do último debate televisivo, mostra subida vertiginosa das intenções de voto no "sim" e torna mais imprevisível o desfecho da consulta de 18 de Setembro.
Com o futuro do Reino Unido, a sexta maior economia do mundo, visto a balançar na mão de quatro milhões de eleitores (todos os que residem na Escócia com mais de 16 anos), os mercados foram os primeiros a mostrar-se nervosos: a meio da manhã a libra caiu para o mínimo dos últimos cinco meses face ao dólar e um analista disse à Reuters que a desvalorização deverá continuar se a incerteza se mantiver. Numa curta reacção, o porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que a “única sondagem que conta é a do próprio referendo” e assegurou que a campanha pelo “não” está convicta dos seus argumentos e não planeia rever a sua estratégia.
Mas o que a sondagem do YouGov para o jornal Sun revela terá certamente feito soar todos os alarmes tanto em Downing Street – a vitória dos independentistas teria como primeira consequência um pedido para a demissão de Cameron, que aceitou a realização da consulta – como na sede dos trabalhistas, partido que sem o seu bastião escocês terá muitas dificuldades para voltar ao Governo.
A distância que no início de Agosto separava os dois campos caiu de 22 para apenas seis pontos percentuais: quando questionados sobre como vão votar a 18 de Setembro, 42% dos inquiridos optam pelo “sim” face a 48% que rejeitam a independência. Há ainda 8% de indecisos e 2% que pensam abster-se, mas quando são contados apenas os que têm já o seu voto decidido a distância entre os dois lados mantém-se (47% para 53%).
“Quando vi pela primeira vez os dados quis garantir que a tendência era real. E estou certo que sim”, disse à Reuters Peter Kellner, director do instituto de sondagens, um dos mais reputados do Reino Unido e que era até agora aquele que sistematicamente atribuía menores percentagens ao “sim”. O responsável adianta que a sondagem, realizada entre os dias 28 de Agosto e 1 de Setembro, revela uma maior mudança nas intenções de voto do eleitorado trabalhista e feminino, até aqui os mais preocupados com as consequências económicas de uma cisão com o restante Reino Unido. Mostra também que duas em cada três pessoas que estavam indecisas planeiam agora votar a favor da independência. “A vitória do ‘sim’ é agora uma possibilidade real”, afirma Kellner.
Os nacionalistas escoceses, animados pelo melhor desempenho do primeiro-ministro escocês, Alex Salmond, no último debate televisivo com o líder da campanha unionista, Alistair Darling, não escondem o entusiasmo – “precisamos apenas de uma mudança de mais três pontos”, disse ao Guardian o líder da campanha pelo “sim”. Mas só com novas sondagens será possível confirmar se a tendência se mantém e este será, afinal, um referendo imprevisível até ao fecho das urnas.