"Vai morrer muita gente em Mariupol"

A cidade de quase meio milhão de habitantes é um alvo estratégico, garantindo o acesso ao Mar de Azov, que banha parte da península da Crimeia, anexada em Março pela Rússia.

Foto
O antigo líder separatista, o russo Igor Strelkov, já é um soldadinho de chumbo Reuters

"Estamos prontos para defender a cidade. Vamos abrir trincheiras, vamos atirar-lhes bombas de petróleo", disse Alexandra, de 28 anos, ouvida Pela Reuters. Ihor, de 42 anos, que em Mariupol é um refugiado — fugiu da guerra na sua cidade natal, Donetsk —, preferiu fazer a mala e partir, com a mulher, Lena. "Não vou esperar outra vez pela guerra", disse.

Na casa da cultura da cidade, o jornalista da AFP encontrou um grupo de jovens a preparar uma sessão de trabalho: vão fazer reuniões com as comunidades para explicar aos habitantes o que devem fazer quando os combates chegarem, o que fazer durante um bombardeamento ou como se comportarem se a cidade for conquistada.

Na última semana, os separatistas fizeram avanços significativos no terreno. Mariupol é um alvo estratégico, garantindo o acesso ao Mar de Azov, que banha parte da península da Crimeia, anexada em Março pela Rússia. A conquista da região completa o arco da "Nova Rússia", que foi o que o Presidente Vlamidir Putin chamou ao território separatista e que era o nome que se dava à região em disputa no tempo do império czarista. Um termo que, explicaram os ucranianos, lhes fere o orgulho. Um termo que, explicou um porta-voz do Kremlin, é só uma forma antiga de mencionar uma região.

O termo "Nova Rússia" também galvanizou as forças separatistas, que o adoptaram como novo lema e que viram no seu uso por Putin endossar a causa separatista. O responsável separatista Alexeï Mozgovoï disse que as forças pró-russas já controlam quase 50% da região de Donetsk e Lugansk e que tudo corre bem na frente Sul, onde está Mariupol e Novoazovsk (outro alvo).

Em Novoazovsk o enviado do El Mundo encontrou centenas de refugiados desta guerra. "Se atacarem Mariupol vai morrer muita gente de ambos os lados", disse Alexei ao jornalista espanhol que viu passar um homem com uma faixa no braço com uma imagem que fundia a bandeira da URSS com a do império czarista.

Sugerir correcção
Comentar