A peste bubónica escondida num computador jihadista

Os ficheiros secretos de Muhammad S. revelam o pensamento do Estado Islâmico e até onde os combatentes estão dispostos a ir.

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Simpatizantes do Estado Islâmico na cidade síria de Tabqa Reuters

"Encontrámos o portátil num quarto. Levei-o comigo. Mas não sabia se funcionava ou se tinha alguma coisa de interessante", disse Ali a Harald Doornbos e Jenan Moussa, que viram o portátil e tiveram autorização para fazer uma cópia do disco, que depois mandaram analisar.

Um leigo diria que o portátil estava vazio. Mas os especialistas que trabalharam nele descobriram 2367 ficheiros ocultos que continham 35,347 documentos muito reveladores do pensamento jihadista e do que os combatentes estão dispostos a fazer no seu projecto de conquista territorial e de punição dos não crentes (os kafir).

Entre vídeos de Bin Laden e discursos de líderes religiosos fundamentalistas, os investigadores encontraram um texto de 19 páginas onde um antigo estudante de física e química tunisino, identificado como Muhammad S., descreve uma arma para disseminar a peste bubónica. Os dados no computador permitiram perceber que Muhammad S. estudava em duas universidades da Tunísia. Tendo os estabelecimentos de ensino sido contactados, foi dito aos jornalistas que há algum tempo que não se sabe do paradeiro desta pessoa.

No computador estavam documentos em francês, inglês e árabe, vídeos de Osama bin Laden e do religioso saudita Nasir al-Fahd (um discurso a defender o uso de armas de destruição em massa contra os kafir, se estes não puderem ser dominados de outra forma), que está preso, manuais sobre como fazer bombas, instruções para roubar carros, aulas sobre disfarces.

Nas tais 19 páginas em árabe está um projecto para desenvolver uma arma biológica — uma bomba destinada a disseminar a peste bubónica. O documento dá a entender que o jihadista realizou testes, quando refere que tendo "a bactéria" sido injectada em ratos pequenos os sinais da doença surgiram 24 horas depois. O documento, revelado (assim como toda a história) na estação de televisão Al-Aan e na Foreing Policy, diz que as vantagens das armas biológicas "é o seu baixo custo em relação ao número de baixas". "Há muitos meios de disseminar agentes biológicos e químicos de forma a ter um impacte sobre o maior número de pessoas", diz a citação do documento.
 

  



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