Portugal discreto e distante na Cimeira de Bruxelas
A diplomacia portuguesa manteve-se, desde o início da crise ucraniana, sentada em cima do muro para ver para que lado caía a Alemanha, porventura na esperança de que não caísse para onde acabou por cair.
A diplomacia portuguesa manteve-se, desde o início da crise ucraniana, sentada em cima do muro para ver para que lado caía a Alemanha, porventura na esperança de que não caísse para onde acabou por cair. Não é preciso procurar muito para entender que, no Palácio das Necessidades e no gabinete do primeiro-ministro, há uma razoável “compreensão” da Rússia e uma crítica velada à política europeia. Ou pelo menos havia, até aos últimos desenvolvimentos. Esta tendência para desculpar a Rússia e fazer bons negócios com ela já vinha do tempo de Sócrates. Fontes diplomáticas portuguesas disseram ao PÚBLICO que o Governo tem uma posição “construtiva” e é nesse espírito que estará na cimeira de Bruxelas.
Também não parece haver uma posição clara sobre as preferências portuguesas para a escolha de quem vai chefiar a diplomacia europeia e presidir ao Conselho Europeu. Sabe-se que o Governo não se opõe à escolha de Federica Mogherini, considerando que a Itália dará mais atenção ao que se passa na fronteira Sul da Europa e que essa garantia corresponde ao interesse português. Além disso, com um presidente da Comissão do PPE, Lisboa também considera que a sua primeira vice-presidente “deve ser do grupo dos socialistas e democratas”. Quanto a quem vai substituir Rompuy, a diplomacia portuguesa vê a escolha de Tusk como aceitável. O que não aconteceria, por exemplo, se o Alto representante viesse de um país do Norte, como seria o caso de Carl Bildt.