Rússia diz que soldados capturados entraram na Ucrânia sem intenção
Forças de segurança ucranianas divulgaram imagens e identidades de dez militares, dizendo que estavam a combater ao lado dos rebeldes.
O anúncio da detenção foi feito na véspera do encontro entre os Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Petro Poroshenko, nesta terça-feira na Bielorrússia. Ambos afirmam estar disponíveis para contribuir para um desanuviamento da tensão na fronteira comum, mas os acontecimentos no terreno deixam pouca margem para optimismo.
No vídeo divulgado segunda-feira à noite na página oficial da operação “operação antiterrorista” das forças ucranianas no Leste do país, são apresentados vários homens em uniforme militar. Um deles identifica-se para a câmara, dizendo pertencer a um regime pára-quedista posicionado junto à cidade russa de Kostroma. “Não vi que estávamos a atravessar a fronteira. Disseram-nos apenas que íamos fazer uma marcha de 70 quilómetros durante três dias”, diz o homem que afirma chamar-se Ivan Milchakov.
Um outro, que se identifica como sargento Andrei Generalov, surge nas imagens a questionar o envolvimento russo na crise no Leste da Ucrânia. “Parem de enviar os nossos rapazes. Porquê? Porque isto não é uma guerra. Se não estivéssemos aqui, nada disto teria acontecido. Eles teriam resolvido por eles as coisas com o governo”.
Kiev afirma que os soldados foram detidos, juntamente com as suas armas e documentos, junto à cidade de Amvrosivka, a 20 quilómetros da fronteira na região de Donetsk, controlada em grande parte pelos combatentes que em Abril autoproclamaram uma república separatista no Leste do país. “Oficialmente eles estavam em exercícios militares em vários cantos da Rússia. Na realidade estavam a participar numa agressão contra a Ucrânia", acusou o ministro da Defesa, Valeri Heletei.
O Ministério da Defesa russo confirmou que os soldados foram detidos, mas alega que atravessaram a fronteira “por acidente”. “Os militares em questão participavam em patrulhas na fronteira russo-ucraniana e, sem dúvida, atravessaram sem intenção um troço não demarcado”, disse um responsável do ministério, citado pelas agências Itar-Tass e Ria Novosti. A mesma fonte adiantou que os militares não ofereceram resistência e que já por várias vezes soldados ucranianos cometeram um erro idêntico, entrando em território russo.
O incidente aconteceu no mesmo dia em que o Governo ucraniano acusou a Rússia de tentar criar uma nova frente de combate, afirmando que “dezenas de blindados” cruzaram a fronteira em direcção à cidade de Mariupol, no Sudeste do país. Moscovo negou a incursão, dizendo tratar-se da última de uma série de “desinformações” lançadas por Kiev para implicar o país na guerra em curso no Leste da Ucrânia.