Quando o design vai ao tapete, isso é Carpet Diem
Uma pianista e um designer de moda aproveitaram o dia e criaram uma marca que pode ir do chão à parede, tudo em 100% lã.
O trocadilho resulta. Carpet Diem, aproveitar o dia em versão tapete, fachada de loja que arranca sorrisos a quem passa pelo Príncipe Real, em Lisboa. Esta marca portuguesa que ajuda a desenhar interiores desde 2003 vai a Biarritz, ao Mónaco, a Copacabana, passa por Capri e recebe belezas exóticas chamadas Padma, Maya, Cindy ou… Josélito.
A Carpet Diem é obra da pianista Carmo Mexia e do designer de moda Nuno Benito, amigos que queriam ter um negócio em conjunto e que, como diz Carmo, nasceu um pouco “por acaso”. Ela já se aventurava nos tapetes com uma amiga designer de interiores, mas quando pediu a Nuno que desenhasse um tapete houve uma epifania. “Percebi que havia uma linguagem comum e que era algo que podia fazer com facilidade”, explica à Revista 2 Nuno Benito. Ele passou de um design para outro, no fundo — “Queria-me libertar de algumas dificuldades da área da moda, na confecção e indústria”, explica. As limitações da relação da indústria com o desenho de moda das encomendas de menor escala são um problema de um pequeno país que, até à instalação da crise, estava feito à medida para grandes marcas. E que, com ela, viu fugir muitas mais. Ao nível do solo as coisas podiam ser diferentes, acreditou o designer.
“Um diz mata e o outro diz esfola”, brinca Nuno Benito sobre a relação entre a pianista e o designer, que floresceu de uma brincadeira para uma marca, depois para uma loja online e que, há cerca de um ano, ganhou morada num dos bairros mais dinâmicos da capital em termos de comércio de proximidade. Durante esta década de vida, a relação qualidade-preço e o impacto dos seus desenhos tornou-os favoritos de publicações especializadas como a Architectural Digest ou a Flair.
A especificidade de desenhar tapetes é algo que ainda é difícil de explicar para Nuno Benito. “Não é assim tão óbvio, os padrões nem sempre funcionam no chão”, diz. “Há que ter cuidado com o padrão, com a cor”, continua, falando em “criar uma vibração no ambiente”, ou em “barulho”. O seu produto é 100% lã e a filosofia está na ponta da língua — “Um tapete com alguma qualidade e design e a um preço acessível”. Estes oscilam entre os 590 e os 1180 euros, conforme os três tamanhos disponíveis, que formam sempre as primeiras edições: três de cada tamanho que só conforme a sua recepção são reeditados.
Com a nova colecção a chegar já esta semana, Nuno Benito e Carmo Mexia orgulham-se de dizer que “fogem um pouco às regras. Fazemos o que nos apetece” no design, explica Benito, falando das inspirações da sua linguagem comum — “O nosso universo estético brinca com algum revivalismo, Pucci, Missoni, nos interiores e design de mobiliário vintage, nórdico dos anos 1950/70”…
Se o fabrico inicialmente era em Portugal, foi preciso “mudar de estratégia por causa da crise” e a Carpet Diem acabou a fazer tapetes na Índia. “Mudámos a logística toda”, diz o designer, que acrescenta que houve a preocupação de garantir que “não havia exploração de mão-de-obra infantil”, associando-se à Care & Fair, uma associação da indústria de tapetes europeia dedicada exactamente à responsabilidade social na tecelagem na Índia, Nepal e Paquistão.
Agora, com um ano e dois meses de loja na D. Pedro V, os dois criadores da Carpet Diem sentem que conhecem melhor o cliente. “Os portugueses têm muita dificuldade a ser os primeiros, a aderir a uma onda”; “o turista compra por impulso”; “há um mês que só saem Dragões”. Vão reforçar a aposta na loja online, sabendo que os seus greatest hits vão sempre saindo para casas pelo mundo: os tapetes Mónaco e o seu relevo, o geométrico Américo, a malha triangular de Biarritz ou o Copacabana ondulado.