PSD defende entendimento com o CDS para uma candidatura alternativa a Rui Moreira em 2017

Democratas-cristãos, que apoiaram o actual presidente da Câmara do Porto, não fecham a porta a um eventual entendimento com o parceiro da coligação, mas dizem que ainda é cedo para discutir as autárquicas.

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PSD considera que Rui Moreira é o chairman da Câmara do Porto e Manuel Pizarro o CEO (administrador executivo) Adriano Miranda

“Gostaria que houvesse condições políticas no futuro para que o PSD e o CDS se entendessem e tivessem um relacionamento político normal como sempre tiveram na cidade do Porto”, declarou ao PÚBLICO o presidente da comissão política concelhia do PSD, Miguel Seabra. “Estamos juntos no Governo, estivemos juntos nas recentes eleições para o Parlamento Europeu e faria sentido que no futuro CDS e PSD se entendessem relativamente às eleições autárquicas”, defendeu Miguel Seabra.

O CDS não fecha a porta a uma eventual coligação com o parceiro do Governo para a Câmara do Porto, todavia, considera que é um pouco cedo para o partido se concentrar já na questão das autárquicas. Até porque o CDS foi o único partido que apoiou a candidatura de Rui Moreira ao Porto. No entanto, fonte do CDS-Porto declarou que o parceiro natural dos democratas-cristãos é o PSD. “Com muito mais facilidade fazemos um entendimento com o PSD pré-eleitoral para governar a Câmara do Porto do que com o PS”, disse a mesma fonte, convicto de que Rui Moreira será de novo candidato em 2017.

Eleito sem maioria absoluta, Rui Moreira optou por fazer um acordo com o PS com duração de quatro anos que “visa garantir a governabilidade estável, eficiente e competente na cidade do Porto e, mais especificamente, na Câmara Municipal do Porto, na assembleia municipal e nas juntas de freguesia”. Mas no executivo houve quem reprovasse a opção do presidente e pouco depois começavam as primeiras desavenças.

O primeiro ano de mandato de Rui Moreia tem nota negativa para o PSD, que considera que o “presidente está a cometer um erro político" ao entregar a gestão da autarquia ao primeiro vereador socialista no executivo, Manuel Pizarro.

Fonte socialista rejeita as acusações e afirma: “O PS para cada problema tenta encontrar uma solução, o mesmo não acontece com alguns vereadores que arranjam problemas e não soluções”.

“Notoriamente, Manuel Pizarro está muito mais por dentro das coisas e tem um pelouro [Habitação e Acção Social] com muita visibilidade e, nessa perspectiva, podemos dizer que temos um chairman na lógica de uma empresa e um CEO, que é o administrador executivo, que é Manuel Pizarro”, afirma o vereador independente eleito na lista do PSD, Ricardo Valente.

Existe o receio de que se venha a acentuar o clima de crispação que se instalou entre o presidente e seus vereadores Guilhermina Rego e Sampaio Pimentel, que integraram o executivo de Rui Rio.

Sampaio Pimentel, número dois no executivo, é acusado de ter posições “muito radicais” e esta posição têm-lhe valido algumas desautorizações, mas o vereador do CDS não pretenderá desviar-se um milímetro que seja das suas convicções políticas. O episódio mais recente tem a ver com as salas de consumo assistido, um tema que a autarquia está a estudar, mas que merece a total reprovação do autarca do CDS.

Há pouco mais de uma semana estalou uma nova polémica relacionada com a nomeação do coreógrafo Tiago Guedes para director de programação do Teatro Municipal, que inclui o Rivoli e o Teatro do Campo Alegre. Neste caso, a despesa foi feita pelo presidente da distrital do CDS-Porto, Álvaro Castello-Branco.

As declarações do ex-vice-presidente de Rui Rio e actual administrador da Águas de Portugal desagradaram profundamente a Rui Moreira que acabaria por desmarcar uma reunião que tinha agendado com Castello-Branco para o dia seguinte.

Em declarações à Lusa, Castello-Branco acusou o recém-nomeado director de programação de “arrogância” pelas “considerações políticas” que fez enquanto trabalhador “avençado da Câmara Municipal do Porto”. Em causa está a entrevista de Tiago Guedes ao PÚBLICO na qual afirmou que o Teatro Rivoli “não tem sido bem cuidado” e foi deixado “em muito mau estado pelo Filipe La Féria”. Na altura, criticou a “inexistência de uma política cultural” na cidade nos últimos anos.

Em cima da mesa está agora a privatização da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, um assunto que também não é pacífico a nível do executivo. Há vereadores que consideram que a câmara decidiu concorrer porque uma vez mais Pizarro convenceu o presidente. Para alguns, “a privatização da STCP representa um embaraço gigantesco para o Governo, mas sobretudo para o CDS", porque o assunto está sob a tutela do ministro Pires de Lima.

O PÚBLICO tentou contactar Rui Moreira, sem sucesso.

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