Marina Silva aceitou ser novamente candidata presidencial no Brasil

Coligação "Unidos pelo Brasil" convidou a concorrente à vice-presidência a ocupar o lugar que era de Eduardo Campos. Funeral do candidato é amanhã.

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Marina Silva ocupará o lugar que pertencia a Eduardo Campos, que morreu na quarta-feira REUTERS/ Ueslei Marcelino/Files

A disponibilidade de Marina para uma nova candidatura presidencial foi confirmada por membros do seu movimento político Rede Sustentabilidade. De acordo com Bazileu Margarido, que coordena o movimento iniciado pela ecologista que foi ministra do Ambiente no Governo de Lula da Silva, o PSB já endossou o convite e a candidata, que integrava a coligação como concorrente à vice-presidência, já concordou. O acordo, avança a Folha de São Paulo, será oficializado na quarta-feira, dia 20.

A legislação eleitoral determina o protagonismo do PSB na escolha do substituto de Eduardo Campos, por ser partido que está na cabeça da coligação, que engloba outras cinco formações políticas – PHS, PRP, PPS, PPL e PSL –, todas da área do centro-esquerda. A chamada “legenda” foi montada por Campos depois de ter quebrado a aliança política com o Partido dos Trabalhadores (PT) da Presidente Dilma Rousseff, candidata a um segundo mandato no Palácio do Planalto.

Cumprindo os prazos previstos pela lei eleitoral, as mudanças na "chapa" têm de ficar fechadas até ao próximo dia 23. Apesar de algumas resistências internas, o PSB decidiu cumprir o desejo manifestado pela própria família Campos de que a candidatura fique entregue a Marina Silva, e pugnar pela indicação de um dos seus políticos para a vice-presidência. A imprensa brasileira refere o nome de Beto Albuquerque, um deputado gaúcho que é candidato ao Senado, como o mais bem cotado para o cargo. Mas também se referem "conversas" com Renata, a viúva de Eduardo Campos, para preencher a vaga.

Será a maneira de manter em jogo a aposta de Eduardo Campos, cuja candidatura presidencial pretendia abrir espaço para a afirmação do partido como uma “terceira via” na política brasileira, acabando com a bipolarização (e alternância no poder) entre petistas e tucanos – o PT de Dilma e Lula, e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) de Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso.

O novo presidente do PSB, Roberto Amaral, nunca escondeu que a sua preferência pessoal não era por Marina Silva. “Esta solução não é de consenso”, admitiu, considerando porém que a “inversão da chapa garante a continuidade do projecto político” do partido, em que a líder ecologista se filiou depois de ter falhado a legalização da sua Rede Sustentabilidade a tempo de concorrer em nome próprio. Os seus apoiantes disseram que na negociação com os socialistas, Marina comprometeu-se com a manutenção de todas as alianças políticas definidas por Eduardo Campos para as eleições estaduais (nomeadamente com o PT no Rio de Janeiro e com o PSDB em São Paulo), e ainda com a “incorporação do discurso desenvolvimentista” do malogrado candidato.

Os analistas políticos concordam que a “promoção” de Marina Silva a candidata presidencial faz aumentar a competitividade da campanha eleitoral e introduz um novo elemento de incerteza sobre a (cada vez mais) provável segunda volta da votação. Como notam, o apelo eleitoral de Marina é suficiente para roubar votos à direita e à esquerda, tanto à Presidente recandidata quanto a Aécio Neves, a esperança dos tucanos. Nas últimas sondagens divulgadas antes da oficialização das várias candidaturas, a sua popularidade batia nos 27%, acima até de Aécio Neves, que na altura ainda não tinha sido confirmado como o concorrente do PSDB. “A ambientalista evangélica tornou-se o fiel da balança” que vai determinar para que lado vai cair a eleição, escreveu a Bloomberg.

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