Cascais espera meio milhão de visitantes em dez dias de festa

Câmara investe 475 mil euros nas Festas do Mar, verbas provenientes das receitas do jogo no Casino do Estoril. Até 24 de Agosto há dois concertos por dia na zona da Baía.

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O coração das Festas do Mar instala-se todos os anos no Passeio D. Luís I, junto à praia dos Pescadores Pedro Cunha/Arquivo

Organizadas pela Câmara desde 1965 em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, a protectora dos pescadores, as Festas do Mar são um dos pontos altos do Verão em Cascais. Incluem espectáculos diários, mostras de artesanato e tasquinhas de comida em vários pontos da vila como a zona da Baía, o Jardim Visconde da Luz e o Largo Cidade Vitória.

O grupo Ala dos Namorados inaugura o palco nesta sexta-feira. Como cabeças de cartaz actuam depois André Sardet (dia 16), Mikkel Solnado (17), Miguel Araújo (18), Natiruts (19), Miguel Ângelo (20), Olavo Bilac (21), Aurea e The Black Mamba (22), José Cid (23) e, a fechar, o cantor angolano Anselmo Ralph (24), entre outros nomes. Os concertos começam às 20h30.

No último dia, além do fogo-de-artifício, realiza-se às 15h uma procissão que começa em terra e termina no mar com um cortejo de barcos, recuperando a matriz religiosa da festa, que assenta na antiga romaria à nossa Senhora da Guia.

“Durante os dez dias de concertos, o recinto das festas é visitado por cerca de 500 mil pessoas, a uma média de 48 mil por dia”, informa o gabinete de comunicação da câmara liderada por Carlos Carreiras. O evento custa à câmara 475 mil euros, pagos com as verbas da concessão do jogo no Casino do Estoril - que só podem ser aplicadas em promoção turística. A autarquia considera “difícil” calcular o retorno económico para o concelho, mas lembra que se cada visitante esperado gastar um euro na economia local o retorno é garantido.“O que sabemos é que durante as Festas do Mar, o sector hoteleiro e a restauração apresentam um dos seus picos de actividade”, acrescenta. Durante os dez dias, o comércio vai estar aberto até à meia-noite.

Para a Câmara, o evento tem contribuído para o concelho atingir “recordes de atracção turística”, com mais de 1,1 milhões de dormidas em 2013 a preços superiores à média: 213 euros por noite em duplo, quando a média nacional é de 105 euros.

O presidente da Associação de Hoteleiros da Costa do Estoril, Sintra e Mafra não confirma que os festejos tenham grande impacto nos hotéis. “As Festas não trazem pessoas para a hotelaria, mas sim para o comércio”, afirma José Gomes Ferreira. Segundo o também director do Sana Estoril Hotel, “os hotéis do concelho estão cheios, com taxas acima dos 90%, com ou sem Festas do Mar”.

Para o Hotel Baía, por exemplo, situado mesmo ao lado do palco, vão ser dez dias difíceis devido aos milhares de pessoas que se concentram naquela zona. “Temos sempre que tomar medidas extra de segurança e os cortes de trânsito também nos prejudicam”, diz o director do empreendimento, António Soares.

Embora garanta que nada tem contra as festas, este responsável lamenta que os clientes do Hotel Baía (80% estrangeiros) sejam “obrigados durante dez dias seguidos” a ouvir um estilo musical do qual podem ou não gostar. “O volume de som dos concertos é extraordinariamente alto e há ensaios durante a tarde. As pessoas que pagam para descansar não conseguem fazê-lo antes das 00h30 ou 1h”, observa, acrescentando que já teve alguns protestos de hóspedes, e que alguns chegaram mesmo a deixar o hotel.

As Festas do Mar são apenas um dos muitos eventos previstos na agenda cultural do concelho, que este ano foi marcada pela comemoração, a 7 de Junho, do 650.º aniversário do Foral do rei D. Pedro, que elevou Cascais a vila. Segue-se, a 14 de Novembro, a evocação dos 500 anos do Foral concedido pelo rei D. Manuel. No próximo ano, a 8 de Abril, Cascais fará 654 anos como município. As celebrações estendem-se até ao final do ano e incluem exposições, visitas guiadas a monumentos do concelho e concertos.

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