BES: António Costa alerta para a "dor" que poderá afectar os contribuintes
“Não podemos é criar esta ilusão junto das pessoas de que é uma solução sem dor, não. É uma solução que tem dor como, aliás, acontece habitualmente quando se resolvem problemas", disse.
Para António Costa, não é aceitável que essa “ilusão” seja transmitida, sobretudo por um Governo que está em final de mandato, sublinhando, por isso, que “há o sério risco” de os problemas surgirem já no mandato de um Governo seguinte.
António Costa falava aos jornalistas em Campo Maior, no distrito de Portalegre, à margem de uma visita ao certame Jardim de Papel, que decorre naquela vila alentejana até dia 17 deste mês.
Questionado pelos jornalistas sobre como se resolve o problema do BES e se “protege” os portugueses desta situação, António Costa recordou que a União Europeia tem em curso as regras da União Bancária que prevêem este tipo de solução, recordando com alguma ironia que esse mecanismo foi apresentado como “inovador” em Portugal.
“A União Europeia tem hoje as regras da União Bancária que prevêem esta solução que foi apresentada como muito inovadora, resulta exclusivamente da nova legislação sobre a União Bancária. Esta legislação visa uma protecção dos contribuintes, agora não podemos é iludir o risco”, disse.
Para António Costa é sobretudo “inaceitável” que um Governo que está em final de mandato e que tem a “oportunidade” de transferir o risco para o Governo seguinte, “não assuma” que esta solução, sendo uma solução prevista no quadro comunitário, comporta um “risco” para os contribuintes.
“É importante que as pessoas tenham consciência disto”, alertou.
“É necessário falar a verdade, de forma a que os problemas possam ser assumidos inteiramente pelos portugueses”, acrescentou.
Perante este cenário, o autarca de Lisboa desafiou o Governo e o Banco de Portugal a falarem com “clareza”, porque desde o princípio do processo houve uma declaração “precipitada” de que “não há” dinheiro dos contribuintes envolvido.
Para António Costa, o caso BES deverá “servir de lição” para a “necessidade” da economia se centrar naquilo que é real.
“Nós não podemos viver artificialmente num país com base na finança, temos que cada vez mais viver num país na produção efectiva, bens agrícolas, bens industriais, serviços transaccionáveis, como o turismo. É aí que tem que estar a aposta e o nosso futuro”, afirmou.