Qual era a alternativa para salvar o BES?
A política misturou-se com o caso BES na Assembleia e o resultado foi uma grande demagogia.
Maria Luís Albuquerque foi nesta quinta-feira ouvida na comissão permanente da Assembleia da República a propósito do Banco Espírito Santo (BES). Nem os partidos que apoiam o Governo nem os da oposição saíram bem na fotografia. Num debate que exigia serenidade, dada a sensibilidade com que o tema deveria ser tratado, ninguém teve a preocupação de procurar discutir, aprofundar ou encontrar alternativas ao modelo que foi escolhido pelo Banco de Portugal para salvar o BES.
Nesta altura é quase demagógico estar a comparar a actuação do Banco de Portugal e dos governos nos casos BPN e BES, como fizeram ontem o PSD e o CDS. Na altura do BPN, o contexto era outro, a emergência era outra e a própria legislação era diferente. E as medidas de resolução que foram aplicadas agora para salvar o BES resultaram de uma legislação que não é uma invenção deste Governo e dos partidos da maioria. A nova lei está a ser implementada em toda a Europa de forma concertada. Portugal teve foi o azar de estar a servir de cobaia.
À esquerda na comissão permanente do Parlamento, partidos como o PCP e o Bloco mostraram que o que os separa desta nova lei para salvar a banca é uma discordância ideológica que parece insanável.
Já o Partido Socialista, que teve a iniciativa de chamar a ministra ao Parlamento com carácter de urgência, acabou por sair da audição fragilizado, já que se limitou a criticar as opções do Governo e do Banco de Portugal sem nunca dizer o que fariam os socialistas se fossem chamados a decidir. Nacionalizava-se o BES? Liquidava-se o banco? Recapitalizava-se como se fez no BCP, BPI e Banif?
A medida da resolução não será com certeza isenta de risco, como anda a propalar a ministra das Finanças. Mas até agora parece ser a que mais protege o dinheiro dos contribuintes.